Neste artigo, com base na proposta de uma análise discursiva da comunicação, concebida por
Alice Krieg-Planque (2006; 2009 e 2011) e na teoria das frases sem texto, perscrutada por
Dominique Maingueneau (2010; 2011; 2012 e 2014), buscamos compreender o funcionamento discursivo da comunicação polÃtica brasileira. Para tanto, frequentamos um pequeno conjunto de
reportagens dadas a circular pelos sites da BBC, da UOL e do Contexto Livre, nos dias 07 e 08
de outubro deste ano, sobre uma critica feita pelo ex-presidente Lula a internautas, que atacaram
os nordestinos, cujos comentários os designavam como ignorantes e desinformados em razão de
estes terem votado de maneira expressiva na candidata do Partido dos Trabalhadores – PT –
Dilma Rousseff, no primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras de 2014. A crÃtica em
questão foi publicada em sua versão original pela BBC na noite de 07 de outubro e trazia no
tÃtulo ‘atacar’ e ‘criticar’ em posições alteradas. O tÃtulo original dizia: “Lula critica internautas
que atacaram nordestinosâ€. O tÃtulo foi alterado e republicado pelo site da UOL no dia 08/10
como: “Lula ataca internautas que criticaram nordestinosâ€. Exploramos essa alteração
discursiva com o objetivo de refletir, por um lado, acerca da tensão ideológica, que se estabelece
entre os textos outros que circulam no interdiscurso e as pequenas frases que foram postas a
circular nos diversos ambientes midiáticos selecionados, e, por outro, refletir sobre os quadros
de restrição e de fonte sócio-históricos que exercem sobre os enunciados de curta extensão
selecionados uma pressão forte.