Este artigo pretende discutir, em um primeiro momento, a articulação dos conceitos norteadores da filosofia polÃtica de Jacques Rancière: o dissenso, o dano e a desidentificação. Estas três noções se entrelaçam na ação polÃtica, que emerge quando um dano é nomeado e tratado em uma cena dissensual por
sujeitos que não são vistos como pertencentes a uma comunidade e que, ao performarem o dano, verificam a ausência de igualdade em relação aos demais. Nesse processo, constituem-se como sujeitos polÃticos, afastando-se de identidades e definições impostas que lhes colocam limites para a participação ao comum. Estas elucidações conceituais permitirão, na sessão final do texto, que sejam evidenciados os aspectos comunicacionais e poéticos que costuram as articulações com a polÃtica, sobretudo aqueles ligados à cena dissensual, ao jogo de encenação do dano e ao processo de subjetivação polÃtica que permite a constituição e autopercepção dos atores como interlocutores.
This article aims at discussing, at first, the articulation of guiding concepts of the political philosophy of Jacques Rancière: dissensus, tort and misidentification. These three notions converge into political action, which emerges when a tort is named and treated in a scene of dissent by subjects who are not seen as belonging to a community, and who, when performing the tort, verify the absence of equality in relation to others and, in this process, constitute themselves as political subjects,
walking away from identities and definitions imposed on them to put limits in their participation in common good. These conceptual clarifications will allow us, in the final session of the text, to evidence some communicational and poetic aspects which articulated connections with politics, especially those linked to the scene of dissent, to the tort scenario and to the process of political subjectification that allows the creation and self-perception of actors as interlocutors.