Este trabalho visa analisar territórios sociais de resistência de comunidades remanescentes de
quilombos e os limites desses territórios, construindo a raiz da criação da Agrovila Peru. Essa Agrovila
é um território polÃtico-jurÃdico criado pelo Estado brasileiro, para abrigar dez comunidades
quilombolas, deslocadas compulsoriamente das terras que ocupavam até 1987, quando a Aeronáutica
instala nelas o Centro de Lançamento de Foguetes de Alcântara - CLA - no Maranhão. A
partir da pesquisa etnográfica realizada na Comunidade Quilombola Peru, uma das dez comunidades
quilombolas que compõem a Agrovila Peru, analisam-se os elementos de identidade cultural
reiterados pelos quilombolas, para construir ou desconstruir fronteiras com outro território, o
território polÃtico-jurÃdico da Agrovila Peru. Nesse sentido, observa-se a flexibilidade das fronteiras
desses territórios de resistência, isto é, como eles se compõem e decompõem conforme as
posições dos atores sociais no espaço, nas diversas esferas da vida social e cultural: religiosa, ambiental,
econômica e polÃtica.