O acesso aos documentos vinculados a fatos relevantes da história e mantidos em arquivo pelo Poder Público é fundamental para a preservação da identidade cultural e reconstrução da memória histórica. Contudo, o historiador enfrenta, no mais das vezes, grande dificuldade em obter documentos destinados à reconstituição da história, mormente quando essa história é marcada pela violação de direitos humanos. Os registros oficiais acabam por ser ocultados pelos grupos dominantes, com o objetivo de expungir da memória histórica as recordações sombrias, bem como obstar a reivindicação de direitos fundamentais. Essa memória “proibida†acaba por dominar todo o cenário cultural, gerando um imenso abismo entre a sociedade civil e a ideologia oficial do Estado. Esse quadro aponta para a necessidade de buscar soluções adequadas, sobretudo através de um criterioso estudo sobre a qualificação do direito à verdade histórica como direito fundamental, bem como sobre a adoção de métodos hermenêuticos destinados a proporcionar a harmonização entre bens e direitos constitucionais em rota de conflito.