A cutia (Dasyprocta azarae) é um roedor neotropical que necessita ser contido por meios farmacológicos para a realização de certos procedimentos médicos e de manejo, em função de caracterÃsticas comportamentais de defesa e grande susceptibilidade ao estresse. A combinação de cloridrato de cetamina, cloridrato de xilazina e sulfato de atropina foi administrada, por via intramuscular, a 53 cutias (33 machos e 20 fêmeas) com pesos entre 0,74 e 3,58 kg (2,071±0,678 kg), para possibilitar a realização de procedimentos de campo que incluÃam determinação de sexo, biometria, marcação, exame fÃsico e colheita de sangue e urina. Após a pesagem de cada cutia, a dose individual de cada um dos fármacos foi calculada por meio de extrapolação alométrica interespecÃfica, usando-se como modelo as doses usualmente recomendadas para um cão doméstico de 10 kg (cetamina – 20,00mg/kg, xilazina – 2,00mg/kg e atropina – 0,05mg/kg). Em todos os animais a indução do estado de contenção foi rápida, sendo a reação postural de endireitamento abolida entre 0,5 e 5,0 minutos (2,02±1,21 minutos) após a injeção. A temperatura retal variou de 28,9 a 40,9ºC (36,38±2,04ºC), a frequência cardÃaca variou de 72 a 240 b.p.m. (150,93±31,48 b.p.m.) e a frequência respiratória variou de 20 a 192 m.p.m. (80,63±29,09 m.p.m.). Avaliou-se a qualidade da contenção farmacológica com base no miorrelaxamento observado aos dez, 15, 25 e 35 minutos após a injeção. A contenção farmacológica foi excelente em cerca de 90,00% dos casos, e boa em outros 5,00%. A qualidade da analgesia foi avaliada, principalmente, por meio das reações de nocicepção ao pinçamento de um dÃgito do membro torácico esquerdo aos dez, 15, 25 e 35 minutos após a injeção, e foi ruim em mais de 50,00% dos casos. Os animais se recuperaram sem apresentar distúrbios psicomotores, permanecendo calmos até recobrarem a capacidade de ambulação normal, entre 105 e 277 (164,94±37,14) minutos após a injeção. O método proposto mostrou-se plenamente adequado à contenção farmacológica de exemplares de Dasyprocta azarae que necessitem ser submetidos a procedimentos medianamente dolorosos ou incômodos, como biometria, determinação de sexo, exame fÃsico e colheita de sangue e urina. Não é indicado, porém, para procedimentos cirúrgicos. Este artigo resgata resultados inéditos obtidos em uma pesquisa finalizada em 1998.
The agouti (Dasyprocta azarae) is a neotropical rodent that requires chemical restraint for handling due to its susceptibility to stress and defensive behavior characteristics. Fifty-three agoutis (33 males and 20 females) weighing 0.74 to 3.58 kg (2.071±0.678 kg) were given ketamine hydrochloride, xylazine hydrochloride and atropine sulfate combined by i.m. injection during field procedures that included sexing, measuring, marking, physical examinations and collecting blood and urine. All drug doses were calculated using the respective doses of a 10-kg dog as model. These doses are 20.00 mg/kg for ketamine, 2.00mg/kg for xylazine and 0.05mg/kg for atropine. In all individuals, immobilization was rapid and uneventful. Righting reflexes were abolished after 0.50 to 5.00 min (2.02±1.21 min). Body temperature fluctuated between 28.9 and 40.9ºC (36.38±2.04ºC), heart rates remained between 72 and 240 beats/min (150.93±31.48); and respiratory rates ranged between 20 and 192 breaths/min (80.63±29.09). Restraint quality was evaluated by measuring muscle relaxation at 10, 15, 25 and 35 min after injection. Chemical restraint was excellent in about 90.00% and good in about 5.00% of the cases. Analgesia quality was evaluated mainly by measuring the reactions to painful stimuli such as pinching of a digit in the left thoracic limb at 10, 15, 25 e 35 min after injection, and was poor in more than 50.00% of the cases. Recovery occurred without psychomotor disturbances, and every animal remained calm until normal ambulation resumed between 105 and 277 min (164.94 ±37.14 min). The proposed method was safe for both animals and the human personnel. It is recommended for routine management and stressful but not painful medical procedures like physical examination, measuring, sexing, and urine and blood collection in D. azarae. This article rescues data obtained in an investigation performed back in 1998.
El agutà (Dasyprocta azarae) es un roedor neo tropical que necesita ser sujetado por medios farmacológicos para ciertos procedimientos médicos y de manejo, debido a caracterÃsticas comportamentales de defensa y gran susceptibilidad a el estrés. La combinación de clorhidrato de ketamina, clorhidrato de xilacina y sulfato de atropina fue administrada por vÃa intramuscular a 53 agutÃes (33 machos e 20 hembras) con pesos entre 0,74 e 3,58 kg (2,071±0,678 kg), para posibilitar la realización de procedimientos de campo que incluyan determinación de sexo, biometrÃa, marcación, examen fÃsico y colecta de sangre y orina. Cada animal fue pesado y la dosis individual de cada uno de los fármacos fue calculada por extrapolación alométrica interespecÃfica, usándose como modelo las dosis usualmente recomendadas para un perro doméstico de 10 kg (ketamina – 20,00mg/kg, xilacina – 2,00mg/kg y atropina – 0,05mg/kg). En todos los animales la inducción del estado de sujeción fue rápida, y la reacción postural de enderechamiento fue abolida entre 0,5 e 5,0 minutos (2,02±1,21 minutos) después de la inyección. La temperatura rectal varió de 28,9 a 40,9ºC (36,38±2,04ºC), la frecuencia cardÃaca varió de 72 a 240 b.p.m. (150,93±31,48 b.p.m.) y la frecuencia respiratoria varió de 20 a 192 m.p.m. (80,63±29,09 m.p.m.). Se evaluó la calidad de la sujeción farmacológica, basado en el relajamiento muscular observado a los 10, 15, 25 y 35 minutos después de la inyección. La sujeción farmacológica fue excelente en casi 90,00% de los casos, y buena en otros 5,00%. La calidad de la analgesia fue evaluada principalmente por las reacciones de sensibilidad dolorosa al pinzamiento de un dÃgito del miembro torácico izquierdo a los 10, 15, 25 e 35 minutos después de la inyección, y fue ruin en más de 50,00% de los casos. Los animales se recuperaron sin presentar disturbios psicomotores, permaneciendo calmos hasta recobrar la capacidad de ambulación normal, entre 105 e 277 (164,94±37,14) minutos después de la inyección. El método propuesto se mostró plenamente adecuado a la sujeción farmacológica de ejemplares de Dasyprocta azarae que necesiten ser sometidos a procedimientos medianamente dolorosos o incómodos, como biometrÃa, determinación de sexo, examen fÃsico e colecta de sangre y orina. No es indicado, entretanto, para procedimientos quirúrgicos. Este artÃculo rescata resultados inéditos obtenidos en una investigación finalizada en 1998.