A discussão acerca da periodização do português em geral se baseia em fatores de cunho morfo-fonológicos. A periodização de Galves, Namiuti e Paixão de Sousa (2006, doravante GNPS), que se baseia em fatores sintáticos, como a posição do verbo, propõe uma divisão alternativa à tradicional, considerando que o português arcaico e clássico eram lÃnguas V2. Contudo, não há consenso em relação à que tipo de gramática pertencia o português em tempos pretéritos. Além disso, a problemática envolve uma questão teórica importante: a periodização de GNPS é baseada na noção de gramática de Chomsky (1985) convencionada como LÃngua-I, o que apresenta uma consequência sobre o critério de datação dos documentos: uma vez que a emergência de uma nova gramática é analisada como parte do processo de aquisição, um critério de datação relevante a se seguir será não a data em que um texto foi escrito, mas a data de nascimento do autor. No entanto, as discussões acerca da posição do verbo no português arcaico raramente contemplam a questão da periodização. Assim, este artigo se propõe a revisar as principais análises sobre a sintaxe do verbo no português arcaico, relacionando essa discussão com a questão da periodização.
The discussion on the periodization of Portuguese is generally based on morphophonological factors. The periodization proposed in Galves, Namiuti and Paixão de Sousa (2006, henceforth GNPS) suggests an alternative segmentation, which is based in syntactic factors, among them, the position of verb. They argue that Portuguese had, in previous phases, a V2 syntax. Nevertheless, there are no consensus about it in the literature. Besides, the issue also involves an important theoretical question: GNPS’s proposal is based on Chomsky’s (1985) notion of grammar. According to this perspective, grammatical change is the result of the relation between the individual’s innate capacities and language knowledge experienced by the successive speaker’s generations. Linguistic change consequently takes place in the language acquisition. This notion of grammatical change presents an important consequence on the criteria to divide the language’s different phases: since the emergence of a new grammar is analyzed as part of the acquisition process, a relevant criterion should be the date in which the author of the document was born and not the date in which the text was written. Consequently, GNPS’s periodization has a different division than the traditional ones. However, the discussion on the verb position in Old Portuguese barely look on the periodization issue. Given these facts, this paper aims to review the most relevant analyses on Old Portuguese verb syntax, relating the discussion to the periodization issue.