O objetivo deste artigo é observar e analisar duas produções fÃlmicas da obra Otelo, de William Shakespeare. A primeira, intitulada Othello, foi dirigida, produzida e estrelada por Orson Welles em 1952, e a segunda, também intitulada Othello, foi dirigida por Oliver Parker, em 1995. O interesse principal do estudo dessas produções é observar - à luz dos princÃpios de adaptação teatral de Jay Halio (2000), Patrice Pavis (1992), e Allan Dessen (2002) - como cada diretor construiu em suas produções fÃlmicas o momento da sedução que acontece na Cena III, Ato III, do texto shakespeariano. A análise aponta que duas concepções diferentes, separadas no tempo e no espaço, são capazes de fazer com que a atemporalidade de Shakespeare transcenda e mostra aos espectadores modernos que a capacidade artÃstica humana é capaz de atravessar fronteiras inimagináveis de criatividade e transformar uma grande obra literária em um exÃmio espetáculo (fÃlmico ou teatral).