Pela maior parte de sua história moderna, a identidade internacional do Brasil foi a de um paÃs subdesenvolvido. A recente ascensão nacional motivou uma polÃtica externa que busca afirmar uma nova identidade internacional para o paÃs como potência emergente, assumindo um maior protagonismo em várias frentes. O presente trabalho investigou quais tensões surgem, aos olhos dos observadores internos e externos, conforme a nova identidade tenta se sobrepor à anterior, considerando a premissa construtivista segundo a qual a formação de uma identidade é um processo intersubjetivo, cujo êxito depende de interpretação e legitimação da parte dos agentes. Para tanto, foram analisadas quais visões sobre o lugar do Brasil no mundo são mobilizadas pelo discurso oficial do Estado e pelas instituições formadoras de opinião (imprensa nacional e estrangeira) para interpretar um episódio controverso da diplomacia brasileira, representativo desse novo projeto identitário: o Acordo Nuclear assinado com o Irã em maio de 2010. Para avaliar quais visões de mundo são evocadas, o discurso oficial do Estado foi contrastado ao de dois periódicos estrangeiros e dois nacionais no perÃodo. A metodologia de análise empregada foi a Análise de Discurso Francesa.