Uma das ideias mais centrais e talvez menos esclarecidas em arquitetura e estudos urbanos – sobretudo desde o trabalho seminal de Jacobs até as recentes ênfases da economia urbana – diz respeito ao papel da forma arquitetônica na "vitalidade urbana", um conjunto de qualidades sociais e microeconômicas de nossas cidades. Entretanto, edifÃcios podem realmente afetar seus entornos urbanos? Teriam morfologias distintas efeitos também distintos sobre o que ocorre nos espaços públicos? Este artigo investiga a forma construÃda como condição da copresença e a atividade social e econômica no espaço urbano – dinâmicas locais com implicações de ampla escala na cidade. Propõe uma abordagem para identificar os efeitos da forma arquitetônica, de modo a distingui-los dos efeitos de outros aspectos da estrutura urbana como a acessibilidade, e verificar de fato sua existência e, se confirmada, sua extensão. A abordagem é aplicada em um estudo empÃrico em 24 áreas no Rio de Janeiro. Finalmente, o artigo lança os fundamentos de uma teoria probabilÃstica dos efeitos da arquitetura que visa contribuir para uma resposta mais precisa a uma questão que captura a imaginação espacial: o quanto a arquitetura importa para a vitalidade urbana?
From Jacobs' seminal insights to recent works in urban economics, one of the most emphasized – and least closely examined – notions in urban studies is the role of architectural and urban form in the "vitality" of our cities, a set of social and microeconomic qualities. However, can buildings really affect their urban surroundings? Would distinct architectural morphologies have distinct effects over local socioeconomic processes? This paper looks into built forms as a condition for co-presence and social activity in urban space. It advances an approach able to identify precisely the existence and extension of effects of architectural morphology on local socioeconomic processes, with potential large-scale effects, in a way to disentangle them from the effects of urban structures such as the street network. We apply the approach in an empirical study in twenty-four areas in Rio de Janeiro. Finally, the paper establishes the grounds for a probabilistic theory of the social effects of architecture, an approach proposed to help answering more precisely a question that puzzles the spatial imagination: how does architecture matter to urban vitality?