A cidade é uma só?: autoficcionalização, interrogação do arquivo e sentido de dissenso
Intexto
A cidade é uma só?: autoficcionalização, interrogação do arquivo e sentido de dissenso
Autor Correspondente: Mariana Duccini Junqueira da Silva | [email protected]
Palavras-chave: A cidade é uma só?, Documentário, Autoficcionalização, Arquivo, Dissenso
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
Por meio da articulação de duas estratégias fÃlmicas – a autoficcionalização dos personagens e a ressignificação de materiais de arquivos oficiais –, o documentário A cidade é uma só? propõe uma crÃtica radical ao discurso de poder que circunscreveu a Campanha de Erradicação das Invasões (CEI), iniciativa que removeu populações pobres da área central de BrasÃlia, levando-as a formar as então chamadas cidades-satélites dos anos 70. Este trabalho propõe-se a uma análise do documentário de Adirley Queirós com vistas a apreender, pela materialidade fÃlmica, os modos como a obra viabiliza a ressignificação de uma memória coletiva à medida que os protagonistas se empoderam de representações sociais que colidem com as disposições do poder estabelecido. O próprio enunciado fÃlmico, assim, estrutura-se pelo sentido de dissenso, como aquilo que é próprio de uma polÃtica da arte (RANCIÈRE, 2005b).
Resumo Inglês:
Combining two filmic strategies – the self-fictionalization of characters and the resignification of the official archival materials – the Brazilian documentary A cidade é uma só? presents a radical critique to the discourse of power that covered the Invasion Eradication Campaign (Campanha de Erradicação de Invasões – CEI). The campaign was made to remove the poor that occupied the surroundings of BrasÃlia, that was under construction to become the latter Brazil's capital back in the 70s, therefore forming the so-called satellite towns..This article analyses, by filmic materiality, how Adirley Queirós’ documentary enables the resignification of a collective memory made by characters self-empowerment through the representation of themselves in conflict with the establishment of power. Hence, the filmic enunciation is therefore structured by the sense of dissensus, which is proper of political aesthetics (RANCIÈRE, 2005b).