O artigo se propõe a explorar uma vertente da ética de
processos comunicativos, focalizando o modo como interações comunicativas
podem estabelecer passagens entre interesses particulares e
coletivos, a partir da discussão de temas moralmente relevantes para
todos. Em um primeiro momento, retomo os principais aspectos da
teoria da ação comunicativa para pensar como indivÃduos e grupos
discutem as regras morais que os vinculam, aliando interesses
particulares a interesses coletivos em processos de deliberação
pública. Em seguida, questiono a associação entre interesses e um
tipo de ação estratégica que pode corromper a interação comunicativa
tornando-a menos desejável para a promoção do bem coletivo.
Argumento, por fim, que as noções de interesses e de auto-interesse
são componentes essenciais da construção do entendimento entre os
sujeitos e, portanto, de uma ética da comunicação.