O cinema tem um papel importante na re-apropriação da experiência, e é portanto a mÃdia que pode nos dar de novo a crença no mundo. É dentro desta discussão sobre a experiência do mundo e do domÃnio da linguagem, assim como a experiência espectatorial cinematográfica que se situa o filme “Pai Patrão†dos irmãos Taviani, onde o personagem Gavino adquire a palavra e se identifica enquanto sujeito da História. No filme, Gavino, ainda pequeno, é confinado por seu pai a permanecer numa fazenda de ovelhas, isolado de sua famÃlia e amigos. ExcluÃdo do convÃvio social, ele aprende a viver e a interagir com a natureza e os animais. O filme se baseia na história verÃdica do professor de lingüÃstica, Gavino Ledda, que também participa do filme. Assim, através da técnica audiovisual do cinema, o professor pode contar de outra maneira sua história e ao mesmo tempo dela fazer parte. O cinema se torna assim o terreno do possÃvel, a imagem em potência para transmitir a experiência. Será que ele consegue passar essa experiência em imagens? Ou, em palavras? Estas são as questões principais do filme: o devir da imagem cinematográfica, o cinema como a mÃdia provinda da modernidade, mas capaz de contar uma história, de transmitir a experiência, dentro do campo do ter experiência, como descreve Giorgio Agamben. Ou, o cinema está também dentro desta incapacidade da técnica, mais precisamente, a de ter acesso ao mundo?