Como forma de reação à complexa crise global, a noção de urbanismo ecológico surge com o propósito de
compreender e responder à descalibragem entre o sistema urbano e o meio ambiente do qual este é parte.
Ao argumentar que o problema do urbanismo ecológico é essencialmente epistemológico e ético, o presente artigo sugere que a maneira como percebemos a relação entre cidade e natureza determina profundamente
a práxis do urbanismo. Neste sentido, o artigo introduz o conceito de “paisagem ecosofiaâ€, que permite tanto
comprender a conexão indivisÃvel entre prácticas de percepção e sócio-ecológicas, como também nos permite
reconectar a práxis do urbanismo com uma epistemologia relacional e ética da paisagem. O artigo procura
interpretar empiricamente como os habitantes do sistema urbano de Villarrica e Pucón, cidades da Região
Araucania do Chile, percebem e se relacionam com as montanhas e paisagens lacustres nas suas práticas diárias.
Para tanto, é utilizada uma metodologia etnográfica. A linha central do debate é representada pela questão:
“Tão perto, porém tão longeâ€, pelo fato de que ambas as cidades, apesar de profundamente ligadas à paisagem,
têm suas construções sócio culturais definidas por noções de desconexão e de falta de consciência. Por outro
lado, numa espécie de causalidade, o artigo também identifica como certas iniciativas urbanas podem tanto
implicar numa reconexão entre o sistema urbano e a paisagem do qual este é uma parte, como desencadear o
surgimento de paisagens ecosofias mais profundas.
As a reaction to the complex global crisis, the notion of ecological urbanism has emerged in order to understand
and attend the inaccuracy between the urban system and the environment of which it is a part. This article
suggests that the form we perceive the city-nature relation deeply determines the praxis of urbanism
arguing that the problem of ecological urbanism is essentially epistemological and ethical. Accordingly, the
article introduces the concept of “landscape ecosophy†through which not only is possible to understand the
indivisible connection of perception and socio-ecological practices, but also help us to reconnect the praxis
of urbanism with a relational epistemology and landscape. The article empirically seeks to interpret how the
Villarrica and Pucón urban system inhabitants in the AraucanÃa Region of Chile perceive and relate with the
mountain and lacustrine landscapes in their daily practices of inhabitation. To achieve this, an ethnographic
methodology is used. The discussion central line is represented by the question, ‘So close, but so far?’, as in
spite of the fact that both cities are deeply connected to the landscape, their socio-cultural constructions
are defined by the notions of disconnection and a lack of awareness. On the other hand, in a sort of circular
causality, the article also identifies how certain urban initiatives may not only imply a reconnection between
the urban system and the landscape of which it is a part, but also contribute to trigger the emergence of
deeper landscape ecosophies.