Investigamos indÃcios da construção cultural do distúrbio psÃquico da depressão como uma atualidade midiática no Brasil. Para isso, exploramos sua definição como objeto jornalÃstico a partir do exame do corpus de pesquisa formado por matérias do Grupo Folha, especialmente a Folha de S. Paulo, ao longo dos últimos quarenta anos. Nossa abordagem do arquivo de notÃcias permite-nos delinear quatro regiões principais de estratégia de produção discursiva, expostas e exemplificadas no artigo. A partir destas observações, pleiteamos então uma nova perspectiva para a análise da função da imprensa na publicação de matérias de divulgação de pesquisas cientÃficas acerca da depressão. Entenderemos seu papel não simplesmente como disseminadora automática de verdades cientÃficas, mas como exploradora de uma zona cinzenta do domÃnio da opinião, encarada como representação dos destroços do saber circulante, em que está em jogo a produção da própria atualidade do distúrbio.