Este artigo se propõe refletir sobre a prática da entrevista de pesquisa, mostrando que a discussão cientÃfica sobre o assunto tem desvalorizado uma dimensão ligada a uma “relação social†que perpassa qualquer entrevista: o conflito em torno das regras do próprio ato de entrevistar, e que pode surgir entre entrevistador e entrevistado. Longe de ser apenas um “incômodo†parasita que o sociólogo deveria neutralizar, como a maior parte dos autores aconselha, esse conflito — que forma a trama denominada aqui de o avesso da entrevista — pode se constituir no próprio assunto a ser analisado em uma pesquisa. Para fazer isso, o sociólogo deverá primeiro priorizar o questionamento sobre as motivações e práticas do entrevistado, em detrimento à s suas próprias disposições e método. De fato, nos casos em que a entrevista é realizada com profissionais que a utilizam diariamente — como é o caso dos jornalistas — o sociólogo deve ter em mente que ele “atua†em um terreno onde o entrevistado pode apresentar uma resistência particular. Essa situação de avesso é analisada a partir de um estudo de caso em que se realizou uma entrevista de pesquisa com um jornalista, o “Caso Mathieuâ€, e que induz ao questionamento sobre o papel da entrevista nessas duas disciplinas concorrentes, a sociologia e o jornalismo.
In this paper we propose to revisit the literature on research interviews. We show that the scientific discussion on this method has underestimated one dimension of the “social relationship†to which a research interview can be assimilated: the conflict over the rules of the exercise between the interviewer and the interviewee. Far from being a “noise†that the sociologist should neutralize, as advocated by most authors, this conflict—which forms the backbone of what we call here the reverse of the interview—can constitute the very matter that should be analyzed. To do this the sociologist has to wonder more about the motivations and practices of the interviewee than he does on his own methods. Indeed, when speaking to professionals who use the interview in their everyday life—as is the case of journalists—the sociologist must consider that he “plays†on a ground on which the interviewee can oppose a singular resistance. This reverse of the interview is analyzed in the light of a case study of an interview conducted with a journalist, the “Mathieu caseâ€. This case study leads to questioning the role of the interview in the two competing disciplines that are sociology and journalism.
Dans cet article on propose de revenir sur la pratique de l’entretien de recherche en montrant que la discussion scientifique sur cette méthode a sous-évalué une dimension de la « relation sociale » à laquelle s’apparente tout entretien : le conflit sur les règles mêmes de l’exercice qui peut s’instaurer entre l’intervieweur et l’interviewé. Loin de n’être qu’un « bruit » parasite que le sociologue devrait neutraliser, comme le préconisent la plupart des auteurs, ce conflit — qui forme la trame de ce que l’on appelle ici l’envers de l’entretien — peut constituer la matière même qu’il devra analyser. Pour ce faire le sociologue doit s’interroger davantage sur les motivations et les pratiques de l’interviewé que sur ses propres dispositions et sa méthode. En effet, lorsqu’il s’adresse à des professionnels qui utilisent l’entretien dans leur vie de tous les jours — c’est le cas des journalistes — le sociologue doit prendre en compte qu’il « joue » alors sur un terrain sur lequel l’interviewé peut lui opposer une singulière résistance. Cet envers de l’entretien est analysé à la lumière d’une étude de cas d’entretien mené avec un journaliste, le « cas Mathieu », qui conduit à poser la question du rôle de l’entretien dans ces deux disciplines concurrentes que sont la sociologie et le journalisme.