Usando um paradigma experimental conhecido como Efeito Stroop (stroopeffect), num experimento adaptado de Maia, 2007, realizou-se um exame sobre como palavras complexas formadas com bases presas, no português brasileiro (PB), são processadas. O objetivo foi verificar se palavras complexas formadas com bases presas em PB são processadas (representadas e acessadas no léxico mental) em sua forma completa (whole-word) ou se estão estocadas como bases livres, havendo separação dos afixos (affix stripping) quando de seu processamento. Em exemplo semelhante com dados do inglês, Tafte Foster (1975) evidenciaram que palavras com raÃzes reais precedidas por prefixos (re+cursion) são processadas diferentes de palavras com pseudo raÃzes(re+pertoire). Primeiro os afixos são isolados, depois as raÃzes são localizadas no léxico, ou seja, as raÃzes são armazenadas separadamente dos afixos. O tempo de reconhecimento das palavras com pseudo raÃzes é menor porque a raiz não será encontrada no léxico. Com base no Efeito Stroop, postulou-se que, em português brasileiro, uma letra terá a sua cor reconhecida mais rapidamente se corresponder à cor do morfema de que faz parte. De igual modo, o mesmo ocorrerá quando a letra de fato pertencer a um morfema segmentável na estrutura da palavra. Os resultados obtidos sugerem que um processamento na forma como proposto por Taft & Foster ocorre também em português brasileiro.