Neste artigo apresenta-se uma análise da sintaxe da fala espontânea do português brasileiro, com base na Language into Act Theory (L-AcT; CRESTI, 2000). Esta teoria corpus-driven é uma extensão da Teoria dos Atos de Fala de Austin (1962) que estuda a diamesia falada com ênfase em sua dimensão prosódica, e individualiza a unidade de referência da fala no enunciado, a menor unidade linguÃstica pragmaticamente autônoma em virtude de sua força ilocucionária, isto é, correspondente a um ato de fala. A sintaxe, neste paradigma, é concebida de forma inovadora, pois a orientação pragmática da fala faz com que relações de dependência sintática tradicionais sejam frequentemente alteradas na interface com a articulação informacional. Com base em um minicorpus retirado do corpus C-ORAL-BRASIL (RASO; MELLO, 2012) e etiquetado informacionalmente, a análise da subordinação completiva e adverbial do PB falado levou a observar vários fenômenos de interface entre sintaxe e articulação informacional, relacionados com a forte orientação pragmática da fala, nomeadamente: (i) a inversão das hierarquias de dependência sintática tradicionais; (ii) fenômenos de insubordinação (EVANS, 2007), ou seja, estruturas sintaticamente dependentes, mas se comportando como independentes em virtude da força ilocucionária, isto é, autonomia pragmática, que podem carregar na fala.