Este artigo analisa as relações de confluência entre a cidade de Manaus e o narrador Nael, do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum, perante as mudanças sociais ocorridas na cidade com a industrialização e a mercantilização dos bens culturais entre os anos de 1920 e 1960. Conforme Fredric Jameson (1992, 1997), durante esse perÃodo ocorrem transformações estéticas dos bens culturais, afetando a relações que estes estabelecem com os sujeitos. Para o autor, o capitalismo tardio pode ser visto como causa das mudanças que ocasionam o momento histórico-cultural denominado pós-modernidade. Desse modo, considerando que nesse perÃodo a cidade de Manaus passa por uma sede de desenvolvimento, esmaecendo aos poucos a sua história com a chegada do progresso e de uma polÃtica que privilegiou determinado setor social em detrimento de outros, pretendemos analisar a confluência que se estabelecem entre o narrador e o espaço urbano, uma vez que consideramos que Nael não apenas busca sua origem (identidade), mas luta por uma resistência polÃtica da própria espacialidade em que se insere como sujeito, preservando as memórias do que o faz vivo: a casa e a cidade.
This article analyzes relationships of confluence between the Brazilian city of Manaus and the narrator of Milton Hatoum’s The Brothers, Nael, towards the social changes that occurred between 1920 and 1960 with the industrialization and the commodification of cultural goods. According to Fredric Jameson (1992, 1997), aesthetic transformations of cultural goods took place during this period, affecting the relationships that the latter establish with individuals. For the author, late capitalism can be considered a cause of the changes that entail the cultural-historical moment called "postmodernity". Thus, considering that in this period Manaus undergoes a thirst for "development" that progressively effaces its own History with progress and policies that favor a certain social sector over the other, we intend to analyze the confluence between the narrator and urban spaces, since we consider that Nael not only seeks knowledge about his origin (identity), but also struggles for the political resistance of the spatiality in which he acts as a subject, preserving memories of what makes him live: the house and the city.