Neste estudo, apresentamos uma edição semidiplomaÌtica de um bando que AntoÌ‚nio JoseÌ Vitoriano Borges da Fonseca, capitão-mor do CearaÌ, lançou em 28 de setembro de 1767, pelo qual anunciou que a aldeia do JucaÌ, onde os iÌndios jucaÌs foram reduzidos em 1727, passasse a se chamar lugar de Arneiroz, hoje municiÌpio. Nele, o autor coloca que a mudança decorreu de uma poliÌtica pela qual as vilas e lugares novos não deviam ter “nomes baÌrbarosâ€, ou seja, de origem indiÌgena, mas nomes das vilas e lugares do “reinoâ€, ou seja, de Portugal. A partir das refereÌ‚ncias ao contexto histoÌrico que o proÌprio texto encerra, empreendemos, então, uma pesquisa com o intuito de responder, ou ao menos discutir, a duas perguntas: qual eÌ a origem desta poliÌtica e como foi executada, especialmente na capitania do CearaÌ? Expusemos o que pudemos apurar em treÌ‚s seções aleÌm das considerações iniciais e da edição do documento: considerações codicoloÌgicas, diplomaÌticas e textuais, que aleÌm de informarem sobre o estado e a localização do documento, são relevantes por o geÌ‚nero textual, o bando, estar obsoleto; e considerações histoÌricas, nas quais procuramos esmiuçar as refereÌ‚ncias ao contexto histoÌrico contidas no proÌprio texto, como subsiÌdio para as respostas aÌ€s perguntas norteadoras. Nas considerações finais, evidenciamos que compartilhamos do entendimento de que nomear um lugar não eÌ simplesmente referenciar o espaço, mas eÌ um ato poliÌtico, imbuiÌdo de poder e cultura, atravessado por ideologia(s), que no caso estudado perfez o espoÌlio do mundo indiÌgena, que começou pela religião.
In this study, we present a semidiplomatic edition of a ban that AntoÌ‚nio JoseÌ Vitoriano Borges da Fonseca, captain major of CearaÌ, launched on September 28 1767, through which he announced that the hamlet of JucaÌ, where the JucaÌ Indians were gathered in 1727, would henceforth be known as village of Arneiroz, now a municipality. The author states that the change occurred because of a policy in which the new towns and villages should not have “pagan namesâ€, that is, of indigenous origins, but rather the names of towns and villages of the “kingdomâ€, that is, of Portugal. Based on references to the historical context within the text, we conduct the research to answer, or at least discuss, two questions: what is the origin of this policy and how was it executed, especially in the captaincy of CearaÌ? We exposed our findings in three sections, besides the initial thoughts and the edited version of the document: codicological considerations, diplomatic considerations, textual considerations and historical considerations. The first three are not only relevant for informing the current state and location of the document, but also because the textual genre in question, the ban, is obsolete. In the historical considerations, we detail the references to the historical context within the text to answer the guiding questions. In the final considerations, we state that we share the understanding that naming a place does not concern just the physical space, but is also a political act, full of power and culture, crossed by ideologies, which, in the case of this study, lead to the completion of the indigenous world spoliation started by religion.