O presente artigo tem por objetivo analisar, atraveÌs de dispositivos das cieÌ‚ncias linguiÌsticas e da semiologia de orientação saussuriana, quatro composições do poeta austriÌaco Ernst Jandl (1925-2000), um dos precursores da poesia concreta e experimental no poÌs-Modernismo. Ricamente influenciado pelas vanguardas Modernas, como o dadaiÌsmo e a poesia sonora, Jandl apresenta uma poesia capaz de nos conduzir a reflexões profundas sobre aspectos especiÌficos das linguagens verbais em praticamente todos os seus niÌveis (isto eÌ, fonoloÌgico, morfoloÌgico, semaÌ‚ntico, sintaÌtico etc.), sobretudo da liÌngua alemã, em que compoÌ‚s suas obras. Deste modo, resta tambeÌm como objetivo deste trabalho expandir os sentidos de leitura e o alcance destas reflexões a partir da reunião dos campos da linguiÌstica e da criÌtica literaÌria, cuja reconciliação foi mais do que recomendada pelo linguista Roman Jakobson. Ao teÌrmino de cada seção, uma tradução em liÌngua portuguesa para cada poema estudado seraÌ proposta, valendo-se da adaptação, tanto lexical quanto meÌtrica e prosoÌdica, dos mesmos criteÌrios que nortearam as anaÌlises aqui dispostas. Busca-se, por fim, com estas traduções, explicitar a aplicabilidade empiÌrica das ferramentas da semioÌtica no estudo da poesia, bem como contribuir indiretamente com a tese da arbitrariedade do signo concebido atraveÌs de uma perspectiva imanente, conforme proposta por Ferdinand de Saussure.