A guerra contra as drogas foi imposta à realidade brasileira há mais de quarenta anos, no período mais duro da ditadura. Travestida de política criminal, essa guerra começou num movimento geopolítico estadunidense na saída da retumbante derrota para o Vietnam e na tentativa de neutralizar os intensos movimentos sociais em torno de 1968. Ela foi concebida para aplacar seu “inimigo interno”, mas também para produzir na América Latina um deslocamento do seu “inimigo interno”: do subversivo ao trafi cante. Ao sul dos Estados Unidos estaria todo o perigo, através da fórmula: vitimização do mercado consumidor e demonização dos países produtores das substâncias alcançadas pelo proibicionismo.