ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER BRASILEIRA DA COLÔNIA ÀS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

Revista Ibero-America de Estudos em Educação

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ISSN: 1982-5587
Editor Chefe: José Luís Bizelli
Início Publicação: 31/12/2005
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciências Biológicas, Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Ciências Exatas, Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Ciência política, Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Filosofia, Área de Estudo: Geografia, Área de Estudo: História, Área de Estudo: Psicologia, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Engenharias, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER BRASILEIRA DA COLÔNIA ÀS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

Ano: 2010 | Volume: 5 | Número: 1
Autores: João Guilherme Rodrigues MENDONÇA Paulo Rennes Marçal RIBEIRO
Autor Correspondente: João Guilherme Rodrigues MENDONÇA | [email protected]

Palavras-chave: História da sexualidade. História da educação sexual. Estudos sobre a mulher. Brasil.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo, a partir de reflexões sobre a condição da mulher brasileira do período compreendido entre a Colônia e as primeiras décadas do século XX, desvela a construção histórica de sua posição frente ao homem e a sociedade e das atitudes e comportamentos ligados ao gênero e à sexualidade. Subjugada, era tratada como objeto sexual, despertando todo tipo de misoginia por parte dos homens. Rebelde, velada ou ostensivamente, conseguia atender seus próprios desejos. Ao longo da história, a Igreja e a medicina representaram conjuntamente as instituições que, de modo significativo, estabeleciam o sentido e o lugar da mulher. Na Colonia, a mulher é tutelada a partir da ideologia católica, mas a partir do século XIX, após a Independência, surge o controle e o poder médico. O discurso médico sustenta o religioso, naturalizando a condição da mulher como aquela que procria, ou seja, a inserção do médico nas questões da família legitima cientificamente o patriarcalismo colonial. Isto é acentuado no início do século XX, quando a medicina consolidada estabelece normas e regras para o casamento, para a maternidade e para a vida familiar. Verificamos o quanto o universo feminino foi (e é) ambivalente, com “um pé” na virtude e outro no pecado, com uma tendência à contenção e outra à transgressão. Por um lado temos o lar e a maternidade, convalidados no matrimônio, em que a mulher é cuidada e dependente do marido. Espelhando-se na maternidade de Maria, aproxima-se da dimensão sagrada da santa mulher idealizada pela Igreja. Ao mesmo tempo, porém, sente a necessidade de liberdade, de identidade e de independência, precisando dar vasão ao desejo, ter sua sexualidade e tudo o que dela é decorrente em plenitude. A manifestação do desejo e o apelo para a satisfação sexual a colocam em permanente conflito pessoal, psicológico e social, dividida entre a moral introjetada ao longo das gerações e as transformações culturais advindas a partir das últimas décadas do século XX.