Este artigo analisa o rendimento teórico do clássico ensaio de Marcel Mauss na discussão a respeito da ideia de cidadania em Robert Putnam. Autores concentrados em pensar os fundamentos não formalmente expressos do contrato, seus pressupostos remontam ao debate seminal nas ciências sociais sobre obrigatoriedade versus espontaneidade. Associado aos estudos sobre cidadania, em Comunidade e democracia, Putnam investiga os diferentes graus de engajamento cívico e sua relação com as práticas governamentais, variável capaz de indicar a qualidade dos regimes democráticos pela via de um sistema de prestações. No plano desse debate, cabe explorar, através da revisão bibliográfica, como o Ensaio sobre a dádiva contribui para a compreensão do papel da cultura no desempenho das democracias. Consideramos a hipótese do diálogo entre essas duas versões da aliança na ação cotidiana e sua fecundidade aos estudos sobre o modo pelo qual os indivíduos vivenciam a regra nas democracias modernas. Trata-se de um esforço de interlocução entre os campos da antropologia e da ciência política, em específico o debate sobre o engajamento na vida pública.