A fala é um dos principais instrumentos de psicoterapia. Isso representa um obstáculo para o tratamento de pacientes surdos congênitos que não utilizam a língua oral. Aqui objetivamos analisar processos de construção psíquica em pacientes surdos usuários da língua de sinais, sua relação com a modalidade linguística e indicar possíveis considerações para a psicoterapia com essa população. Realizamos um estudo de caso múltiplo por meio de um programa de psicoterapia, planejado para atender três sujeitos surdos congênitos da comunidade surda de São José do Rio Preto-SP, selecionados por sorteio, de cadastro clínico particular. O programa foi estruturado em 26 sessões, desenvolvidas por psicanalista versado na língua brasileira de sinais. As sessões ocorreram em caráter individual e sistemático, visando observar os padrões no desenvolvimento dos processos mentais, realizadas uma vez por semana, com duração de 50 minutos. Para a análise de dados utilizamos os Mapas e as Árvores de Associação de Spink (2010). Os resultados indicam que diferenças no sistema semiótico da linguagem em surdos congênitos determinam adaptações no desenvolvimento psíquico desses pacientes em razão da natureza da língua de sinais. Conclui-se que o tratamento psicoterápico para surdos deve acontecer em seu sistema semiótico próprio, sua organização simbólica e sua cultura.
Speech is one of the main tools of psychotherapy. This represent an obstacle to the treatment of congenital deaf patients who do not use the oral language. Here we aim to analyze processes of psychic construction in deaf patients who use sign language, its relationship with the linguistic modality and indicate possible considerations for psychotherapy whit this population. We carried out a mutiple case study through a psychotherapy program, planned to attend three congenital deaf subjects fron the deal community of São José do Rio Preto –SP, selected by lot, from a private clinical record. The program was structured in 26 sessions, developed by a psychoanalyst versed in the Brazilian Sign Language. The sessions tool place an individual and systematic basis, aiming to observe the patterns in the development of mental processes, held once a week, lasting 50 minutes. For data analysis we used Spink’s Association Maps and Trees (2010). The results indicate that differences in the semiotic system of language in congenital deaf people determine adaptations in the psychic development of these patients due the psychotherapeutic treatment for deaf people must take place in their own semiotic system, symbolic organization and culture.