Nas últimas décadas, o crescente desequilíbrio metabólico do planeta Terra tem feito com que os efeitos da crise climática contemporânea se tornem cada vez mais visíveis. É à luz desse contexto que iremos refletir sobre a relação entre o Antropoceno, a mineração e a América Latina. Argumentamos que a mineração é o sustentáculo da lógica de desenvolvimento hegemônico sob o Antropoceno e, por isso, a América Latina,com sua riqueza mineral, é uma região vital para a intensificação, ou não, da possível nova era geológica. A partir da dialética dos tempos históricos, nosso recorte temporal estabelece diálogos entre a longa duração, isto é, o período definido como Antropoceno, e determinados episódios conjunturais que se deram em diferentes momentos ao longo dos anos, a fim de apresentar uma breve visão panorâmica capaz de evidenciar o caráter histórico que permeia a relação entre a exploração mineral e a ocupação do território latino americano, representado aqui a partir de alguns espaços da região. Com esse intuito, discutiremos a modernidade colonial da mineração desenvolvida em Potosí, no século XVI, identificaremos o avanço e o impacto dessa atividade sobre a floresta amazônica nas últimas décadas e, por fim, mostraremos como as iniciativas de transição energética contemporâneas, devido à grande demanda de mineraisespecíficos, colocam novamente a região como espaço de intensa disputa geopolítica