A CAPTURA DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES: REFLETINDO SOBRE CONTROVÉRSIAS PÚBLICAS ENVOLVENDO GÊNERO E SEXUALIDADE NAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

Série-Estudos

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Editor Chefe: José Licínio Backes
Início Publicação: 12/06/1994
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

A CAPTURA DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES: REFLETINDO SOBRE CONTROVÉRSIAS PÚBLICAS ENVOLVENDO GÊNERO E SEXUALIDADE NAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

Ano: 2019 | Volume: 24 | Número: 52
Autores: Vanessa Jorge Leite
Autor Correspondente: Vanessa Jorge Leite | [email protected]

Palavras-chave: escola sem homofobia; gênero e sexualidade; infância e adolescência.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A escola tem sido lócus permanente do confronto de concepções e valores em relação à sexualidade e ao gênero. Esses enfrentamentos se mostram: (1) na elaboração de normativas da política de educação; (2) em controvérsias públicas que envolvem a política de educação e gênero e sexualidade; (3) bem como no fazer cotidiano das escolas e dos educadores, nos embates em torno dos currículos escolares. Nos últimos anos, assistimos a diversas controvérsias, em que as expressões de gênero e sexualidade infantojuvenis e a escola estiveram no centro. Esse artigo volta seu olhar para o pânico moral criado em torno do Projeto Escola sem Homofobia (ESH), chamado de “kit gay” por seus detratores, a partir de 2011. A trajetória do ESH nos possibilita refletir sobre o papel estratégico dessa polêmica para os “destinos” da política de educação nos últimos anos no país. O episódio do ESH pode ser considerado um “estopim” para que outros projetos e temas muito vinculados a uma pauta “conservadora” ganhassem força na sociedade brasileira. Acompanhamos o acionamento da terminologia “ideologia de gênero” em torno dos planos de educação no país, e mais recentemente, no processo eleitoral para a Presidência da República, vimos o “kit gay” ser um dos principais artefatos da campanha do presidente eleito. Essas controvérsias têm como pontos de interseção o confronto de moralidades em relação ao gênero e à sexualidade e a mobilização do discurso de defesa das crianças e dos adolescentes. 



Resumo Inglês:

Schools have been permanent loci of confrontations between different sexuality- and gender-related conceptions and values. Such confrontations show (1) in the elaboration of education policy norms; (2) in public controversies involving gender and sexuality and education policies; (3) in daily school life and in educators’ daily work, as well as in conflicts over the school curricula. In recent years, a number of controversies have developed over both the school environment, and sexuality and gender expressions of children and youth. This article addresses the moral panic developed around the School Without Homophobia Project (ESH), dubbed “gay kit” by its detractors, from 2011 on – so as to enable us to reflect on the strategic role of such controversy to the developments in education policy in Brazil in recent years. The ESH episode has probably contributed to the strengthening of other projects and themes closely linked to a “conservative” agenda in Brazil. We have tracked how the phrase “gender ideology” was used in debates over education plans around the country. More recently, in the 2018 presidential elections, the “gay kit” was one of the president-elect campaign’s main themes. What all such controversies have in common are the confrontation between different sexuality - and gender-related moralities and the alleged need to protect children and adolescents.



Resumo Espanhol:

La escuela ha sido un lugar permanente de confrontación de concepciones y valores en relación con la sexualidad y el género. Estas confrontaciones se muestran: (1) en la elaboración de normas de política educativa; (2) en controversias públicas que involucran políticas de educación y políticas de género y sexualidad; (3) así como en el trabajo diario de las escuelas y los educadores, en los enfrentamientos en torno al currículo escolar. En los últimos años, hemos visto una serie de controversias, donde las expresiones de género y sexualidad en los niños y adolescentes y la escuela han estado en el centro. Este artículo dirige su mirada al pánico moral creado en torno al Proyecto Escuela Sin Homofobia (ESH), llamado “kit gay” por sus detractores, desde 2011. La trayectoria de ESH nos permite reflexionar sobre el papel estratégico de esta controversia para los “destinos” de la política educativa en los últimos años en Brasil. El episodio de ESH puede considerarse un “disparador” para que otros proyectos y temas estrechamente vinculados a una agenda “conservadora” ganaran fuerza en la sociedad brasileña. Seguimos la activación de la terminología “ideología de género” en torno a los planes de educación en el país. Más recientemente, en el proceso electoral para la presidencia de la república, vimos que el “kit gay” era uno de los principales artefactos de la campaña del presidente electo. Estas controversias tienen como puntos de intersección la confrontación de moralidades en relación con el género y la sexualidad y la movilización del discurso de defensa de los niños y adolescentes.