As Leis n. 10.639/2003 e 12.711/2012 impactaram profundamente as universidades brasileiras, seja pelo aumento expressivo de estudantes negras/os nas universidades, seja pela demanda de um currículo afrocentrado e de docentes negras/os, seja pela inclusão da disciplina de Educação para as Relações Étnico-Raciais nos cursos de licenciatura, para atender às demandas de uma educação básica antirracista. No entanto, a pós-graduação brasileira segue sendo um espaço predominantemente branco, tanto na corporalidade de docentes e discentes quanto nos saberes eurocentrados que marcam o epistemicídio dos conhecimentos produzidos pelas intelectualidades negras. Por isso, este ensaio busca contemplar diferentes experiências-narrativas pessoais na pós-graduação, utilizando da carta como recurso político-metodológico narrativo. Desse modo, assumo minha narrativa autobiográfica enquanto discente, pesquisador e docente para discutir o racismo universitário na pós-graduação a partir da escrita de cartas para a minha orientadora, para as instituições de pesquisa e para as/os discentes da disciplina que ofertei, contextos nos quais a carta adquire finalidades terapêutica-imaginativa, manifesto-interpelativa e/ou pedagógica-afetiva. Por fim, considero que uma educação antirracista passa necessariamente por um currículo afrocentrado ético-político-estético-poético que acolha as experiências-narrativas negras e promova o desenvolvimento humano, intelectual e afetivo em cada sujeito.
The Laws n. 10.639/2003 and 12.711/2012 had a profound impact on Brazilian universities, whether by the significant increase in black students at universities, by the demand for an afro-centered curriculum and black teachers, or by the inclusion of the subject of Education for Ethnic-Racial Relations in undergraduate courses, to meet the demands of anti-racist basic education. However, Brazilian postgraduate studies continue to be a predominantly white space, both in the corporeality of teachers and students, and in the Eurocentric knowledge that marks the epistemicide of knowledge produced by black intellectualities. Therefore, this essay seeks to contemplate different personal experiences-narratives in postgraduate studies using the letter as a political-methodological narrative resource. In this way, I assume my autobiographical narrative as a student, researcher and teacher to discuss university racism in postgraduate studies by writing letters to my advisor, to research institutions and to the students of the discipline I offered, contexts in which the letter acquires therapeutic-imaginative, manifesto-interpellative and/or pedagogical-affective purposes. Finally, I consider that anti-racist education necessarily involves an afro-centered ethical-political-aesthetic-poetic curriculum that embraces black experiences-narratives and promotes human, intellectual and affective development in each person.
Las leyes n. 10.639/2003 y 12.711/2012 tuvieron un profundo impacto en las universidades brasileñas, ya sea con el aumento significativo de estudiantes negros en las universidades, ya sea por la demanda de un currículo afrocentrado y docentes negros, o por la inclusión de la asignatura de Educación. de Relaciones Étnico-Raciales en cursos de pregrado, para atender las demandas de la educación básica antirracista. Sin embargo, los estudios de posgrado brasileños siguen siendo un espacio predominantemente blanco, tanto en la corporalidad de profesores y estudiantes como en el conocimiento eurocéntrico que marca el epistemicidio del conocimiento producido por la intelectualidad negra. Por ello, este ensayo busca contemplar diferentes experiencias-narrativas personales en los estudios de posgrado utilizando la carta como recurso narrativo político-metodológico. De esta manera, asumo mi narrativa autobiográfica como estudiante, investigador y docente para discutir el racismo universitario en los estudios de posgrado escribiendo cartas a mi asesor, a instituciones de investigación y a los estudiantes de la disciplina que ofrecí, contextos en los que la carta adquiere finalidades terapéutico-imaginativa, manifiesto-interpelativa y/o pedagógico-afectiva. Finalmente, considero que la educación antirracista pasa necesariamente por un currículum ético-político-estético-poético afrocentrado que abarque las experiencias-narrativas negras y promueva el desarrollo humano, intelectual y afectivo de cada persona.