O que é o ciúme? Há uma história para ele? Desde a Antigüidade, encontramos diversos autores e entendimentos que se focaram nestas questões. Infelizmente, o que se observa na prática é que as produções teóricas enfocam quase que exclusivamente o aspecto clínico, psiquiátrico e ‘individual’ do ciúme, como se fosse possível isolar o indivíduo do seu contexto que, não apenas o cerca como comumente se acredita, mas que, mais do que isso, o constitui. A proposta deste artigo, enquanto uma revisão bibliográfica, tenta promover um debate, bem como analisar o reflexo do ciúme para os relacionamentos amorosos cotidianos. Para tanto, buscamos responder a seguinte questão: de que maneira o sentimento do ciúme, presente em algumas relações amorosas entre homens e mulheres, pode ser compreendido diante das transformações pelas quais vem passando a sociedade e das características que vem assumindo a convivência amorosa na contemporaneidade? O que se observou por meio de tal levantamento é que o ciúme não é uma experiência contemporânea. Ao contrário, ele é um sentimento antigo, atemporal, que atravessa diferentes épocas e contextos da história do ser humano.
What is jealousy? Is there a story for it? Since ancient times we find countless authors and understandings that have focused on these issues. Unfortunately, what can really be observed is that the theoretical understandings focuses almost entirely on the clinical, psychiatric and ‘individual’ aspects of jealousy, as if it were possible to isolate the individual from its context that not only surrounds it as it is commonly believed but, more than that, constitutes it. The purpose of this article, while being a bibliographic review, is to promote a debate and analyze the impacts of jealousy over the everyday love relationships. For this, we seek to answer the following question: in which way jealousy, present in some relationships between men and women, can be understood in face of the transformations that society is undergoing and of the characteristics of contemporary amorous coexistence? Such survey observed that jealousy is not a contemporary experience. On the contrary, it is an ancient feeling, timeless, which follows through different ages and contexts of the human history.