O artigo apresenta os aspectos políticos e jurídicos ligados à realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, demonstrando como as “legislações de exceção” criadas para atender às exigências da Fédération Internationalede Football Association (FIFA) ferem princípios dos mais essenciais para a nova ordem jurídico-urbanística que vige no país desde a Constituição Federal de 1988. Será verificado que a chegada de um megaevento no território urbano intensifica a segregação socioespacial e a espoliação urbana por parte de grupos privados, grupos estes que subvertem a noção de cidade como espaço de realização coletiva, transformando as políticas públicas urbanas em instrumentos de reafirmação e reprodução de desigualdades e privilégios.