Este ensaio tem como objetivo apresentar o contexto do encarceramento feminino brasileiro no que se refere à realidade de abandono das mulheres em privação de liberdade. Discute-se o conceito de colonialidade do gênero de María Lugones, relacionando-o com tal realidade das formas de abandono pela qual passam mulheres em privação de liberdade, como a permanência de matrizes de poder nas quais a raça e o gênero informam dor e solidão. Concluímos que as prisões brasileiras são expressão da confluência da colonialidade do poder (raça) e do gênero como matriz de poder que organiza as relações sociais dentro e fora do cárcere, impactando as mulheres em privação de liberdade nos níveis material, afetivo e de direitos.
This essay aims to present the context of Brazilian female incarceration regarding data on the abandonment of women deprived of freedom. It discusses the concept of coloniality of gender by María Lugones, relating it to the reality of abandonment forms experienced by women deprived of freedom, as permanence of power matrices in which race and gender inform pain and loneliness. We conclude that Brazilian prisons are an expression of the confluence of the coloniality of power (race) and gender as a power matrix that organizes social relations within and outside the prison, impacting women deprived of freedom and their rights on a material and affective level.