O artigo apresenta uma reflexão epistem ológica sobre os modelos de produção do conhecimento que sustentam a nossa ideia de ciência e, logo, de ensino escolarizado, isto é, uma reflexão sobre a base epistemológica do saber científico moderno e portanto, do pensamento social clássico e sobra historicidade da sua matriz de legitimação, notadamente, das condições geopolíticas, espaço-temporais e históricas do seu surgimento e desenvolvimento, bem como sobre o processo de sua legitimação enquanto forma moderna de saber científico universal único. Em tempo dada a crise das repre-sentações e de p rojeto civilizatório do modelo d e sociedade ocidental, cujo paradigma é a lógica do capital e a colonialidade do poder, faz-se uma revisão da relação entre o pensamento científico clássico e o cotidiano como espaço de produção de conhecimento, ao tempo que, ancorados na perspectiva da diferença colonial, apontam-se algumas produções teórico-metodológicas já sistematizadas e institucionalizadas, originadas nos movimentos sociais populares na Nossa América, cujas bases epistêmicas acenam em um sentido outro ao do apresentado pelo modelo moderno/colonial de legitimação do conceito de ciência. O texto está dividido em três partes. A primeira, "Da verdade e do saber dos que sabem", propõe, a partir do questionamento co tidiano das representações do sistema-mundo, uma revisão das bases conceituais e formais do modelo clássico de legitimação do i4eal de saber hoje. A segunda, "O surgimento do saber dos outros", reflete sobre as mudanças que vêm ocorrendo ao interior do próprio pensamento científico, instigadas pelas contradições impostas ao coti-diano da sociedade pelos avanços da tecnociência e a subsequente reação de diversos movimentos sociais; e a terceira, "Recuperação e emergência do saber dos nadies'', apresenta a importância dos estudos subalternos e da perspectiva do cotidiano em articulação com o projeto decolonial, na busca dos elementos constit utivos da nossa própria racionalidade, de modo a articular a construção de um novo saber pluriversal.