Partindo da interpretação deleuziana do empirismo de Hume, o
artigo visa a apreender a elaboração por Deleuze da primeira
sÃntese do tempo, a sÃntese do hábito, a partir da constituição de
um sujeito que contempla e contrai as percepções sensÃveis,
ultrapassando o dado a partir da ação de princÃpios que lhe são
exteriores. A contração do passado e a expectativa em relação
ao futuro são as duas dimensões do mesmo presente vivido. É
pela contração pelo hábito que a repetição produz uma
diferença no espÃrito e assim nos produz como sujeitos. Sobre a
sÃntese passiva do hábito virão desdobrar-se as sÃnteses ativas
da memória e da reflexão. Desde a análise da obra de Proust,
Deleuze desenvolve, então, o tema desse encontro com o fora
como a produção no sujeito de uma capacidade de explicitar o
sentido do que se apresenta como um signo, o que implica
ultrapassar as ilusões objetivistas e subjetivistas e a busca do
sentido numa diferença interiorizada que é o próprio ser em si
do passado. Daà decorre ir para além da dimensão empÃrica do
tempo e encontrar uma nova sÃntese do tempo, a sÃntese
transcendental da memória, em que o passado não sucede ao
presente, mas coexiste com ele.
Based on Deleuzian interpretation of Hume's empiricism, this
article seeks to understand the development of Deleuze's first
synthesis of time, the synthesis of habit, from the constitution of
a subject who contemplates and contracts sensitive perceptions,
surpassing the data from de action of principles that are
external to him. The contraction of the past and the
expectations regarding the future are two dimensions of this
lived present. Through the contraction by the habit, repetition
produces a difference in the spirit and then produces us as
subjects. On the passive synthesis of habit will unfold the active
synthesis of memory and reflection. From analysis of the work
of Proust, Deleuze develops, then, the theme of this meeting
with the outside as production in the subject of an ability to
explain the meaning of what is presented as a sign, which
means overcoming the subjectivist and objectivist illusions and
search for meaning in an internalized difference that is the very
being itself of the past. It follows go beyond the empirical
dimension of time and find a new synthesis of time, the
transcendental synthesis of memory, in which the past does not
succeed the present, but coexists with it.