A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA LEITURA: UM DE SEUS PERIGOS

Revista Comunicação Universitária

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ISSN: 2763-7646
Editor Chefe: Benedito Ely Valente da Cruz
Início Publicação: 30/03/1996
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Multidisciplinar

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA LEITURA: UM DE SEUS PERIGOS

Ano: 2025 | Volume: 5 | Número: Não se aplica
Autores: Thiago Barbosa Soares
Autor Correspondente: Thiago Barbosa Soares | [email protected]

Palavras-chave: leitura, sociedade, declínio.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo tem como objetivo apresentar, com argumentação sólida e fundamentada, a construção social da leitura como um de seus possíveis riscos, particularmente no que se refere à sua desapropriação enquanto valor em si mesma e à sua instrumentalização para a obtenção de saberes estritamente utilitários. Para desenvolver essa reflexão, recorre-se às contribuições teóricas de autores como Freire (2011), Soares (2010), Chartier (1999) e Marcuschi (1999), cujas perspectivas oferecem um panorama aprofundado sobre a leitura enquanto prática socialmente mediada. Parte-se da premissa de que os indicadores sociais da leitura têm apresentado um agravamento significativo, em grande parte devido à consolidação de uma leitura artificializada, cuja principal consequência tem sido a desvalorização da dimensão individual e introspectiva dessa prática. Para sustentar essa análise, o artigo se estrutura em duas seções principais: a primeira, intitulada A leitura como construção social, revisita as concepções dos teóricos mencionados acerca da leitura como uma experiência de partilha interativa, permitindo a compreensão mais ampla desse fenômeno; a segunda, Notícias recentes sobre a leitura, examina reportagens jornalísticas publicadas em 2024, que retratam o panorama atual da leitura no Brasil, evidenciando desafios e tendências. Como um dos principais desdobramentos desta investigação, levanta-se a hipótese de que um dos riscos enfrentados pela leitura na contemporaneidade seja sua crescente associação à necessidade de interconectividade, compartilhamento e validação externa. Esse movimento, paradoxalmente, pode fragilizar sua permanência enquanto experiência subjetiva e autônoma, esvaziando seu potencial como espaço de reflexão, elaboração crítica e formação do pensamento individual.



Resumo Inglês:

This article aims to present, through solid and well-founded argumentation, the social construction of reading as one of its potential risks, particularly concerning its dispossession as an intrinsic value and its instrumentalization for the acquisition of strictly utilitarian knowledge. To develop this reflection, the analysis draws on theoretical contributions from authors such as Freire (2011), Soares (2010), Chartier (1999), and Marcuschi (1999), whose perspectives offer an in-depth overview of reading as a socially mediated practice.The argument is grounded in the premise that social indicators of reading have significantly worsened, largely due to the consolidation ofartificialized reading practices, whose primary consequence has been the devaluation of the individual and introspective dimension of this activity. To support this analysis, the article is structured into two main sections: the first, titled Readingas a Social Construction, revisits the aforementioned theorists’ conceptions of reading as an experience of interactive sharing, enabling a broader understanding of this phenomenon; the second,Recent Developments in Reading, examines journalistic reports published in 2024 that depict the current state of reading in Brazil, highlighting contemporary challenges and trends. One of the central hypotheses arising from this investigation posits that a key risk faced by reading in contemporary society is its growing association with the demand for interconnectivity, sharing, and external validation. Paradoxically, this trend may undermine its sustainability as a subjective and autonomous experience, diminishing its potential as a space for reflection, critical engagement, and the development of individual thought.