CONTOS DE FADAS CONTEMPORÂNEOS E ROTEIROS PERFORMÁTICOS DE GÊNERO: possibilidades de re-existência à ofensiva antigênero

Revista Espaço do Currículo

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ISSN: 1983-1579
Editor Chefe: Maria Zuleide Pereira da Costa
Início Publicação: 29/02/2008
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação

CONTOS DE FADAS CONTEMPORÂNEOS E ROTEIROS PERFORMÁTICOS DE GÊNERO: possibilidades de re-existência à ofensiva antigênero

Ano: 2020 | Volume: 13 | Número: 3
Autores: Shirlei Rezende Sales; Maria Carolina da Silva Caldeira; Maria Beatriz de Freitas Vasconcelos; Paula Myrrha Ferreira Lança
Autor Correspondente: Shirlei Rezende Sales | [email protected]

Palavras-chave: Contos de fadas. Currículo. Gênero. Ofensiva antigênero. Resistência.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo analisa dois contos de fadas contemporâneos com o objetivo de problematizar as prescrições de feminilidades presentes nos contos de fadas clássicos e nos discursos reacionários que circulam na atualidade. Argumentamos, a partir do conceito deperformatividade de Judith Butler que, por um lado, a ofensiva antigênero prescreve que a mulher deve ser princesa e coloca em circulação um discurso reacionário que produz modos autorizados de se performar feminilidades, em conformidade com os contos de fadas tradicionais. Por outro lado, como forma de resistência e re-existência ao discurso reacionário, alguns contos de fadas contemporâneos produzem outros modos de ser princesa, ao tensionarem normas de gênero e acionarem o discurso multicultural. Com base nas contribuições dos estudos culturais, o estudo se fundamentou na concepção de que o currículo é cultural, ou seja, é um discurso que produz, autoriza, cria saberes e se desdobra em diferentes pedagogias. Nesse sentido, as narrativas dos contos de fadas, bastante presentes no currículo endereçado a crianças, compõem um certo roteiro com relação às aprendizagens de gênero, ao ensinarem, há muito, normas para meninas e meninos. No entanto, elas também podem ser potentes instrumentos para problematizar essas mesmas normas, conforme mostra a análise dos dois contos elencados neste artigo, nos quais foi possível identificar a reivindicação de outros “atos performáticos de gênero” (BUTLER, 2019). A trajetória metodológica se deu por meio de elementos da análise de discurso de inspiração foucaultiana e mostrou que as narrativas fabricam modos outros de apresentar os comportamentos da princesa e pluralidade na caracterização dos corpos das personagens.



Resumo Inglês:

This article analyzes two contemporary tales in order to problematize the prescription of femininities produced by the traditional fairy tales and by the reactionary discourse. We argue, based on the concept of gender performativity thought by Judith Butler, that on one hand the anti-gender offensive prescribes that women need to be princesses and it spreads a reactionary discourse that produces authorized ways of performing femininities according to the traditional fairy tales. On the other hand, some contemporary fairy tales resist and re-exist to the reactionary discourse and gender norms and use the multicultural discourse to produceprincesses that perform in different ways. Based on the cultural studies, we understandthat the curriculum is cultural and it is a discourse that produces, authorizes and creates knowledge. It unfolds itself into different pedagogies. In this sense, the narratives of the fairy tales that commonly take place in the curriculum addressed to children compose a certain script regarding the learning of gender norms. They teach norms to girls and boys, prescribing normal femininities and  masculinities. However, they can also problematize those norms. In the analyzed stories it was possible to observe other gender performative scripts (BUTLER, 2019). The research methodology was constructed with elements of the discourse analysis based on Foucault and the results showed that the narratives produce other ways of presenting the princess’ behavior and plurality on the characterization of the characters’ bodies.



Resumo Espanhol:

Este artículo analiza dos cuentos de hadas contemporáneos para problematizar las prescripciones de las feminidades presentes en los cuentos de hadas clásicos y en los discursos reaccionarios que circulan actualmente. Argumentamos, partiendo del concepto deperformatividad de Judith Butler, que, por un lado, la ofensiva anti-género prescribe que las mujeres deben ser princesas y pone en circulación un discurso reaccionario que produce formas autorizadas de realizar feminidades, de acuerdo con los cuentos de hadas. tradicional. Por otro lado, como forma de resistencia y re-existencia al discurso reaccionario, algunos cuentos de hadas contemporáneos producen otras formas de ser princesa, al tensar las normas de género y desencadenar discursos multiculturales. Apartir de los aportes de los estudios culturales, el estudio se basó en el concepto de que el currículo es cultural, es decir, es un discurso que produce, autoriza, crea conocimiento y se despliega en distintas pedagogías. En este sentido, las narrativas de los cuentos de hadas, muy presentes en el currículo dirigido a los niños, componen un determinado guión con respecto al aprendizaje de género, ya que han enseñado, durante mucho tiempo, normas para niñas y niños. Sin embargo, también pueden ser instrumentos poderosos para problematizar estas mismas normas, como muestra el análisis de las das histórias enumeradasen este artículo, en las que se pudo identificar el reclamo de otros “actos de performance de género” (BUTLER, 2019). La trayectoria metodológica se desarrolló a través de elementos de análisis del discurso de inspiración foucaultiana y mostró que las narrativas fabrican otras formas de presentearel comportamiento y la pluralidad de la princesa en la caracterización de los cuerpos de los personajes.