Neste artigo, apresentamos resultados parciais de uma investigação doutoral em andamento, cujo objetivo é compreender os significados que crianças, estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental, constroem ao utilizar ábacos abertos coloridos. Os dados, coletados por meio de vídeo-gravações das interações entre a pesquisadora e as crianças, foram analisados a partir das ferramentas teóricas do Enfoque Ontossemiótico (EOS), que combina fundamentos semióticos, antropológicos e cognitivos. A partir dessa perspectiva, observou-se que esses materiais manipulativos, embora potencialmente valiosos para o ensino da matemática, apresentam atributos visuais adicionais, como as cores, que não são pertinentes ao conceito matemático do valor posicional. Os resultados indicama ocorrência de conflitos semióticos de natureza epistêmica, interacional e cognitiva, que se manifestam na divergência entre a matemática formal e os materiais didáticos, na comunicação entre pesquisadora e crianças e nas interpretações conflitantes das próprias crianças, respectivamente. Alguns desses conflitos podem dificultar a aprendizagem dos estudantes. Portanto, a atenção à clareza conceitual e à adequação dos atributos visuais nos materiais manipulativos pode contribuir para uma aprendizagem mais consistente dos conceitos matemáticos.
This article presents partial results from an ongoing doctoral research aimed at understanding the meanings constructed by third-grade elementary students when using colorful open abacuses. The data, collected through video recordings of interactions between the researcher and the children, were analyzed using the theoretical framework of the Ontosemiotic Approach (EOS), which integrates semiotic, anthropological, and cognitive foundations. From this perspective, it was observed that these manipulative materials, although potentially valuable for mathematics teaching, contain additional visual attributes, such as colors, that are not relevant to the mathematical concept of place value. The results indicate the occurrence of semiotic conflicts of epistemic, interactional, and cognitive nature, which manifest as divergences between formal mathematics and didactic materials, communication between researcher and children, and conflicting interpretations within the children themselves, respectively. Some of these conflicts may hinder students’ learning. Therefore, paying attention to conceptual clarity and to the appropriateness of visual attributes in manipulative materials may contribute to a more consistent learning of mathematical concepts.