Os meios de comunicação de massa no Brasil têm reservado amplo espaço de pauta nos últimos dois anos para a cobertura da chamada Operação Lava-Jato e de suas repercussões polÃticas, dedicando especial atenção a determinados atos da investigação realizada pela PolÃcia Federal, como a celebração de acordos de colaboração premiada, além das decisões do juiz da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal em Curitiba. Trata-se de um episódio que reanima o debate sobre a delicada relação que aproxima a mÃdia do sistema penal, a relevância da criminalização midiática para a construção da realidade no imaginário coletivo, e os reflexos dessa dinâmica no acirramento das expectativas punitivas concentradas sobre os investigados e réus do caso. O objetivo do presente artigo consiste em proceder a uma análise crÃtica dessa cobertura midiática, levando em consideração o poder dos mass media de criar mitos representados pelos personagens processuais da operação, bem como delinear breves reflexões sobre uma nova forma de manifestação do populismo penal consubstanciada na campanha promovida pelo Ministério Público Federal com o propósito de legitimar a propositura de um projeto de lei de iniciativa popular tendo por conteúdo as 10 Medidas Contra a Corrupção.