O presente trabalho discute como crianças indígenas têm sido abordadas nas pesquisas em psicologia no Brasil. Para isso, apresentamos resultados de levantamento bibliográfico realizado na área da psicologia, cotejando-os com outras três áreas do conhecimento (educação, antropologia e sociologia), por meio do qual contemplamos artigos publicados em periódicos nacionais considerados de alta qualidade. Primeiramente, foi feita seleção dos periódicos para considerar apenas os promovidos por instituições brasileiras de cada área. Selecionamos 192 revistas, sendo 42 da psicologia. Depois, oito descritores foram buscados nos resumos dos artigos, sem aplicação de qualquer restrição quanto à data de sua publicação. Considerando as quatro áreas, ocorreram 6.264 artigos, mas apenas 36 (0,57% do total) reportam pesquisas sobre infância(s)/criança(s) indígena(s). Especificamente da psicologia de 2.946 ocorrências, apenas 4 (0,13% dos artigos da área) tratam dessas crianças. A leitura integral dos trabalhos mostrou que, quando tais crianças são ouvidas, os desenhos, a identidade, a cultura, as brincadeiras das crianças indígenas aparecem como temas para a psicologia. O trabalho demonstra a pouca visibilidade desse grupo geracional, étnico e racial nas áreas pesquisadas, permitindo constatar que a psicologia precisa cada vez mais dedicar-se à escuta dessas crianças em contextos de pesquisa.
This work aims at discussing how indigenous children have been approached in psychology researches in Brazil. We presented the results of a bibliographical research carried out in the psychology area, comparing them with three other areas of knowledge (education, anthropology and sociology). We collected articles published in highly rated national journals. Firstly, the selection of journals was performed considering only those supported by Brazilian institutions of each area. We selected 192 journals, from which 42 are from psychology. Subsequently, eight descriptors were searched in the paper abstracts, without applying any publishing date restrictions. Considering the four areas, 6.264 papers appeared in our search, however only 36 of those papers (0,57% of the total) report researches on indigenous childhood(s)/child(children). Regarding psychology, among 2.946 papers which appeared in our search, only 4 papers (0,13% of the papers of the area) approach those children. After thoroughly reading the articles, it was observed that when such children are heard, the drawings, identity, culture, games appear as themes for psychology studies. This work demonstrates the low visibility of this generational, ethnic and racial group in the researched areas, allowing us to observe that psychology needs more and more dedicate itself to listening to these children in research contexts.