Criminologia crítica e pacto narcísico: por uma crítica criminológica apreensível em pretuguês

Revista Brasileira de Ciências Criminais

Endereço:
Rua Onze de Agosto, 52 - 2º Andar - Centro - Centro
São Paulo / SP
01018-010
Site: http://www.ibccrim.org.br/
Telefone: (11) 3111-1040
ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Criminologia crítica e pacto narcísico: por uma crítica criminológica apreensível em pretuguês

Ano: 2017 | Volume: 135 | Número: Especial
Autores: Thula Rafaela de Oliveira Pires
Autor Correspondente: Thula Rafaela de Oliveira Pires | [email protected]

Palavras-chave: Criminologia crítica – Racismo – Branquitude – Amefricanidade e pacto narcísico.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O texto parte da hipótese de que apesar dos desencontros entre a criminologia crítica no Brasil e América Latina e a agenda dos movimentos negros e de mulheres, há possibilidade de construção de alternativas radicais e potentes, desde que possamos repactuar nossas premissas e que os privilégios sejam colocados à mesa. Na primeira parte busca-se recuperar algumas narrativas que representam a crítica que se pretende interpelar, bem como enunciadas algumas das dimensões narcísicas de suas construções. Em seguida, busca-se oferecer uma lente epistemológica imbricada e decolonial que, através da categoria da amefricanidade, possibilita uma conversa em pretuguês, assumindo todas as implicações políticas de falar nesses termos. No aspecto metodológico, faz-se um convite à que a criminologia crítica repense seus marcos teóricos sobre relações raciais no Brasil, tome consciência dos silêncios reproduzidos e códigos pelos quais a branquitude operou nesse campo de estudos. Ao revelar o pacto narcísico que impediu que sepudesse avançar para além da denúncia da seletividade do sistema de (in)justiça criminal, é possível manter a crítica ao racismo e sexismo na máquina de controle, gestão e extermínio de corpos em sociedades capitalistas forjadas na modernidade-colonial-escravista que se desencadeou nas Américas.



Resumo Inglês:

The article begins with the hypothesis that despite the missed encounters between critical criminology in Brazil and Latin America and the agenda of black and women’s movements, there remains a possibility of constructing radical and powerful alternatives, provided that we can renegotiate our premises and put privileges on the table. The first part of the article seeks to rethink some of the narratives that represent the criticism that I intend to interpellate, as well as some of the narcissistic dimensions of their constructions. Then, it proposes an intersectional and descolonial epistemological lens which, through the category of amefricanity, makes possible a conversation in pretuguês, capable of responding to the political implications of speaking in these terms. In methodological terms, it is an invitation to critical criminology to rework its theoretical frameworks with respect to race relations in Brazil, and to take into consideration the silences reproduced and codes by which whiteness has operated in this field of study. In revealing the narcissistic pact that has prevented criticism from going beyond the charge of the selectivity of the criminal (in)justice system, it is possible to move forward the criticism of racism and sexism in the regimes of control, management and extermination of bodies in capitalist societies forged within the colonial and slavocratic modernity that was unleashed in the Americas.