CRIMINOLOGIA CULTURAL, CLARICE LISPECTOR E A CRIMINOLOGIA PATROCINADA PELO ESTADO: REPENSANDO O SIGNIFICADO PARA ALÉM DO MUNDO JURÍDICO

Revista Brasileira de Ciências Criminais

Endereço:
Rua Onze de Agosto, 52 - 2º Andar - Centro - Centro
São Paulo / SP
01018-010
Site: http://www.ibccrim.org.br/
Telefone: (11) 3111-1040
ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

CRIMINOLOGIA CULTURAL, CLARICE LISPECTOR E A CRIMINOLOGIA PATROCINADA PELO ESTADO: REPENSANDO O SIGNIFICADO PARA ALÉM DO MUNDO JURÍDICO

Ano: 2021 | Volume: Especial | Número: Especial
Autores: Wayne Joseph Morrison, Salah Hassan Khaled Junior, Tiago Lorenzini Cunha, Alvaro Filipe Oxley da Rocha
Autor Correspondente: Wayne Joseph Morrison | [email protected]

Palavras-chave: Criminologia Cultural – Clarice Lispector – Direito Criminal – Transgressão – Crimes de Estado

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Os significados tradicionais e globais dos termos patrocinados pelo Estado por meio do Direito Criminal (crime, justiça e punição) conformam a base de uma criminologia ortodoxa que coloca o sujeito de investigação sempre na condição de objeto abstrato, estático e estatístico, a partir de uma ontologia do crime e do criminoso. Nesse sentido, com base em recente debate, este artigo pretende questionar o papel histórico assumido pelo Direito Criminal (e pela Criminologia ortodoxa) em relação aos genocídios praticados e omitidos pelos Estados nacionais nos últimos séculos, bem como o legado desses discursos na atualidade. Para a compreensão do tema utilizam-se estudos teóricos recentes da Criminologia Cultural e textos de Clarice Lispector, de forma a apontar interlocuções similares para a análise do presente problema de pesquisa, que atribui especial atenção à questão do significado. O artigo adota uma metodologia de entrevista semiestruturada, pois é ela que possibilita a edição de um espaço espontâneo de diálogo entre pesquisadores e livre-docentes, no qual um número indeterminado de questões emerge a partir de uma premissa inicial acordada previamente. Conclui-se, em especial, que parte da omissão histórica da Criminologia global em não reportar os crimes de Estado se deve ao fato de que tal discurso criminológico dificilmente é contestado enquanto uma ontologia do crime e do criminoso/ transgressor por diversos atores a nível individual e coletivo, sendo essa muito mais uma estratégia imperialista de poder e de dominação do outro do que mera coincidência histórica.



Resumo Inglês:

Orthodox criminology works inside the terminology produced and sponsored by the State through the legal form of the criminal law (crime, procedural justice and punishment). This presents an ontology of crime and criminals which places an abstract, static and statistical object as the subject to be investigated. This article is a scholarly discursive interaction on the historical role of criminal law and criminology in relation to the genocidal practices or omissions of nation states and the legacy of the fact that those events are largely omitted from criminology. Cultural Criminology and insights from Clarice Lispector are used to point out more general connections. The discursive interaction takes the form of a semi-structured interview methodology, operating as, although subsequently edited, a spontaneous space for the dialogue between researchers, where an indeterminate number of questions emerge from an initial premise previously agreed. A developed global criminology would include such state crimes; this would then challenge the entire structure of the orthodox ontology of crime and criminals/transgressors. We would face multiple actions and actors operating at diverse individual and collective levels. The effect would be more than correcting a mere historical oversight, but a direct challenge to an imperialistic strategy of power and dominance over the other.