CURRÍCULO, CULTURA E ANCESTRALIDADE: o Projeto Africanidades como presente enunciativo

Revista Espaço do Currículo

Endereço:
Via Expressa Padre Zé - S/N - Cidade Universitária
João Pessoa / PB
58900-000
Site: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec
Telefone: (83) 3043-3170
ISSN: 1983-1579
Editor Chefe: Maria Zuleide Pereira da Costa
Início Publicação: 29/02/2008
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação

CURRÍCULO, CULTURA E ANCESTRALIDADE: o Projeto Africanidades como presente enunciativo

Ano: 2022 | Volume: 15 | Número: 1
Autores: Luciane dos Silva
Autor Correspondente: Luciane dos Silva | [email protected]

Palavras-chave: Currículo. Cultura. Ancestralidade Negra. Enunciação Cultural.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A Lei 10.639/2003 trouxe para o campo do currículo novos olhares sobre a cultura e ancestralidades negras, ao problematizar a monoculturalidade nos currículos e ao reivindicar produções curriculares multiculturais. Todavia, ao destacar uma identidade negra ancestral, as legislações, como o Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro representam-na em uma temporalidade como objeto epistemológico e metáfora de uma determinada linguagem. Movimento que delimita e restringe vivências e concepções de negritude na atualidade, esboçando uma ancestralidade negra estática, oclusiva e única. Assim, este artigo analisa, através da noção de currículo como enunciação cultural, Bhabha (2014) e Macedo (2006a), como o Projeto Africanidades, no Ciep Carolina Maria de Jesus reencena motivado pela legislação supracitada, na sua produção curricular a ancestralidade negra, introduzindo outras temporalidades culturais. Questionando as representações caricaturais e estereotipadas de negro, cristalizadas nos textos curriculares, parte-se da seguinte problemática: como o Projeto Africanidades trabalha com a ancestralidade negra na performação da sua produção curricular? Por entrevistas, diário de campo e principalmente observação participativa, analisa-se e destaca-se que o Projeto Africanidades trabalha com a temporalidade das legislações, aliadas a outras temporalidades performáticas, redimensionando a conceituação de ancestralidade negra e currículo na performação da sua produção curricular, reelaborando-os movediços, contingentes e plurais.



Resumo Inglês:

Law 10.639/2003 brought new perspectives on black culture and ancestry to the field of curriculum, by questioning monoculturalism in curricula and by claiming multicultural curriculum productions. However, when highlighting a black ancestor, legislation, such as the Minimum Curriculum of the State of Rio de Janeiro, represents a temporality as an epistemological object and identity of a specific language. A movement that delimits and restricts experiences and conceptions of blackness today, outlining a static, occlusive and unique black ancestry. Thus, this article analyzes, through the notion of curriculum as cultural enunciation, Bhabha (2014) and Macedo (2006a), how the Africanidades Project, at Ciep Carolina Maria de Jesus, reenacts motivation for the aforementioned legislation, in its curricular production the black ancestry, introducing other cultural temporalities. Questioning the caricatural and stereotyped representations of black people, crystallized in the curricular texts, the starting point is the following problem: how does the Africanidades Project work with black ancestry in the performance of its curricular production? Through interviews, field journaland mainly participatory observation, it is analyzed and highlighted that Africanidades works with the temporality of legislation, combined with other performative temporalities, reshaping the conceptualization of black ancestry and curriculum in the performance of its curricular production, re-elaborating them. moved, contingent and plural.



Resumo Espanhol:

La Ley 10.639/2003 trajo nuevas perspectivas sobre la cultura y la ascendencia negra al campo del currículo, al cuestionar el monoculturalismo en los currículos y al reivindicar producciones curriculares multiculturales. Sin embargo, al resaltar una identidad negra ancestral, legislaciones, como el Currículo Mínimo del Estado de Río de Janeiro, la representan en una temporalidad como objeto epistemológico y metáfora de un determinado lenguaje. Un movimiento que delimita y restringe experiencias y concepciones de la negritud hoy, delineando una estirpe negra estática, oclusiva y única. Así, este artículo analiza, a través de la noción de currículo como enunciación cultural, de Bhabha (2014) y Macedo (2006a), cómo el Proyecto Africanidades, del Ciep Carolina María de Jesús, recrea, motivado por la referida legislación, en su producción curricular la ascendencia negra, introduciendo otras temporalidades culturales. Cuestionando las representaciones caricaturescas y estereotipadas de los negros, cristalizadas en los textos curriculares, se parte del siguiente problema: ¿cómo trabaja el Proyecto Africanidades con la ascendencia negra en el desempeño de su producción curricular? A través de entrevistas, diario de campo y principalmente observación participativa,se analiza y destaca que el Proyecto Africanidades trabaja con la temporalidad de la legislación, combinada con otras temporalidades performativas, reconfigurando la conceptualización dela ascendencia negra y el currículo en el desempeño de su producción curricular, reelaborando como cambiantes, contingentes y plurales.