Uma pesquisa etnográfica com crianças exige a precisão da descrição densa dos fatos
observados, tal como as que envolvem outros grupos sociais. Pesquisas com crianças,
entretanto, são recentes, principalmente pela presença da preposição com, que
significa reconhecê-las como atores sociais e incluÃ-las como participantes ativas no
processo de pesquisa, possibilidades abertas pela Sociologia da Infância. Ao se adotar
essa perspectiva, procura-se o desenvolvimento de uma postura diferenciada no
campo de pesquisa, a de adulto atÃpico (CORSARO, 1990; 2002; 2005; FERREIRA, 2008),
a fim de aprofundar as culturas das crianças, ao mesmo tempo que se investigam as
significações mais próximas de sua visão de mundo. Os conceitos teóricometodológicos desenvolvidos pelos estudos da Sociologia da Infância, suas relações
com os estudos da Antropologia, e a pesquisa etnográfica com crianças de populações
tradicionais, constituem a base deste artigo, cujo objetivo é refletir sobre a entrada no
campo e a posição do adulto nas pesquisas com crianças.