No presente artigo pretendemos simultaneamente compreender por que meio os teóricos políticos modernos criticaram modelos de legitimação política que apresentavam os papéis masculinos como de pai e marido enquanto fontes de autoridade e soberania. Para tanto, recorreremos aos estudos de Carole Pateman e Richard Sennett junto das referências críticas à querela entre os defensores dos poderes naturais dos reis (como Robert Filmer) e seus críticos (como John Locke e Immanuel Kant). Tal debate foi considerado fundador da política e do Estado modernos, bem como do pensamento liberal. Buscaremos com isso elementos para refletirmos acerca de algumas acepções de conceitos como patriarcalismo, patrimonialismo e paternalismo, especialmente quando referem-se à ‘autoridade’ da sociedade civil formulada enquanto um poder paterno e masculino, ancorado na regulamentação dos papéis sociais e sexuais por meio das esferas pública e privada.
In this article, we intend to simultaneously understand how modern political theorists have criticized political legitimation models with the male roles as father and husband while sources of authority and sovereignty. For that, we turned to studies of Carole Pateman and Richard Sennett with critical references to the dispute among the partisans of the natural powers of kings (such as Robert Filmer) and their critics (such as John Locke and Immanuel Kant). This debate was considered the founder of modern politics and the State, as well as of the liberal thought. With this, we seek elements to reflect about some meanings of concepts such as patriarchy, patrimonialism and paternalism, especially when referring to the ‘authority’ of the formulated civil society as a paternal and male power, anchored in the regulation of social and sexual roles through public and private spheres.