Doença na recepção do mito de Filoctetes no Regime Militar brasileiro: “Ramom, o Filoteto Americano” de Carlos Henrique Escobar

Revista Nupem

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ISSN: 2176-7912
Editor Chefe: Frank Antonio Mezzomo
Início Publicação: 31/07/2009
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar

Doença na recepção do mito de Filoctetes no Regime Militar brasileiro: “Ramom, o Filoteto Americano” de Carlos Henrique Escobar

Ano: 2019 | Volume: 13 | Número: 30
Autores: Mateus Dagios
Autor Correspondente: Frank Mezzomo | [email protected]

Palavras-chave: Recepção, Ditadura Militar, filoctetes, doença

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

No cruzamento entre história e teatro, o artigo analisa a peça “Ramom, o Filoteto Americano” (1975), de Carlos Henrique Escobar, escrita durante a Ditadura Militar brasileira e laureada no Concurso Nacional de Dramaturgia de 1975. Parte-se do conceito de recepção da antiguidade para entender como são utilizados elementos do mito grego em um contexto de repressão. O autor reelabora os principais elementos da tragédia “Filoctetes” de Sófocles para construir uma sensibilidade voltada às angústias que emergiam em um dos períodos mais repressores da Ditadura. O artigo demonstra como Ramom é um drama crítico que ressignifica a doença de Filoctetes. No corpo torturado de Ramom ecoam as mazelas de uma sociedade repressiva e colonizada. O artigo atenta para as possibilidades de investigação em uma peça complexa que aproveita a herança grega para explorar temas sensíveis da Ditadura e que pela radicalidade performática e ousadia não despertou a atenção dos censores.



Resumo Inglês:

At the crossroads between history and theater, this paper analyzes the play “Ramom, o Filoteto Americano” (1975) by Carlos Henrique Escobar, written during the Military Dictatorship in Brazil and winner of the 1975 National Dramaturgy Contest (Concurso Nacional de Dramaturgia) award. We start from the perspective of classical reception in order to understand how elements of the Greek myth are used in a context of repression. The author resignifies the main elements of Sophocles’s Philoctetes to build a sensitivity focused on the distress that emerged in one of the most repressive periods of the Dictatorship. The paper demonstrates how Ramom is a meaningful critical drama that resignifies Philoctetes’ disease. In Ramom’s tortured body echoes the suffering of a repressive and colonized society. The article highlights research possibilities in a complex play that makes the most of the Greek legacy in order to explore sensitive themes of the Dictatorship, which were not noticed by censors due to its radical performance structure and boldness.



Resumo Espanhol:

Este trabajo analiza la obra de teatro “Ramom, o Filoteto Americano” (1975) de Carlos Henrique Escobar, escrita en la época de la Dictadura Militar en Brasil y ganadora del premio Concurso Nacional de Dramaturgia, desde la perspectiva de la recepción clásica para examinar cómo el dramaturgo hace uso del mito griego en un contexto represivo. Escobar resignifica los elementos principales del Filoctetes de Sófocles para retratar sentimientos de angustia en una dictadura. El artículo muestra cómo Ramom es una obra crítica que resignifica la enfermedad de Filoctetes en el cuerpo torturado de Ramom, haciéndose eco del sufrimiento de una sociedad represiva y colonizada. Destaca las posibilidades de investigación en una obra compleja que aprovecha la herencia griega para explorar temas importantes en un momento autoritario, que no fueron notados por los censores debido a su estructura radical y su escritura audaz.