Este ensaio procura ouvir, entre as muitas vozes melódicas que conversam entre si no campo da metodologia das ciências sociais, duas das que pareceram soar mais discerníveis, à luz do contexto sociopolítico brasileiro dos anos recentes: a hermenêutica gadameriana e o realismo crítico. Buscando argumentar que há margens para se pensar a verdade, na filosofia de Hans-Georg Gadamer, como condição para a emancipação proposta pela filosofia realista de Roy Bhaskar, apresenta quatro seções: a primeira, que rememora o contexto no qual as filosofias de Gadamer e Bhaskar soaram como possibilidade de conversarem entre si; a segunda e a terceira, nas quais se abordam seus aspectos gerais, com realce para as noções de verdade, em Gadamer, e de emancipação, na crítica explanatória de Bhaskar; e, por fim, a quarta seção, que apresenta alguns dos pontos de convergência entre elas, a partir dos quais um “ensaio contrapontístico” parece despontar como possível.