Um homem parado ao lado de um carro em via pública poderia ser apenas o que estas palavras descrevem, desde que esse homem não fosse um homem negro. Francisco Cícero dos Santos Júnior é a prova disso. Abordado pela polícia durante um patrulhamento de rotina, foi avistado e descrito como “um indivíduo de cor negra que estava em cena típica de tráfico de drogas”. Nenhuma outra característica foi empregada para descrever Francisco, porque a epiderme preta é o gatilho que impulsiona e legitima o aparato repressivo estatal. Assim, ele foi conduzido e preso para, em seguida, ser denunciado e condenado por tráfico de drogas. Em linhas gerais, esse é o pano de fundo do julgamento que se iniciou no dia 1º de março deste ano, perante o Supremo Tribunal Federal, por força da impetração do HC 208.240 pela Defensoria Pública de São Paulo.