O presente estudo propõe refletir acerca da educação das relações étnico-raciais (ERER), tendo como ponto de partida a trajetória da formulação das diretrizes que, via instrumentos legais, orientam sua implementação no Brasil. Assim, os documentos que dão lastro a essa iniciativa política no âmbito da educação são examinados a fim de subsidiar um diálogo reflexivo sobre tensionamentos, disputas de interesses e narrativas e consequentes pressões políticas num percurso ainda conturbado. Atores relevantes envolvidos nessa política pública também são objeto de interesse, com atenção especial direcionada aos movimentos sociais negros e às comunidades escolares. Identificam-se resistências, lacunas e dificuldades para a efetiva implementação da ERER no cotidiano escolar. E movimentos para que a ERER possa ser efetivamente implementada na educação brasileira são complexos, no entanto, gostaríamos de destacar que duas frentes são vitais para o trabalho: (i) efetiva implementação na escola por professores, gestores e comunidade escolar, e (ii) a formação sólida de professores e gestores sobre o assunto para que consigam desenvolver ações efetivas em ERER. Sendo assim, neste trabalho nos propomos a analisar o campo do ensino superior e o da escolarização básica em relação à ERER e às interlocuções possíveis e necessárias entre eles.