Com essa comunicação pretendemos apresentar um relato de uma pesquisa em andamento sobre sofrimento dos estudantes como consequência de práticas educativas que não contemplam necessidades fundamentais dos seres humanos em termos biológicos, epistêmicos e ontológicos. Essas necessidades estão sendo apontadas por pesquisas transdisciplinares recentes sobre o funcionamento dos seres vivos. Essas práticas didáticas são consideradas na pesquisa como altamente inibidoras do ser/conhecer. Essa inseparabilidade das dimensões da realidade é a marca principal da investigação pautada no paradigma da complexidade fazendo contraponto com as questões da fragmentação da modernidade que representam um foco importante de análise. O quadro teórico de fundo para análise dos dados é construído a partir de ciências que constituem o movimento de auto-organização (MAO) focalizando principalmente as teorias biológico/cognitivas da Biologia do Conhecer de H. Maturana e F. Varela e Complexificação pelo ruído de H. Atlan. Os dados referem-se a duas fontes principais de coleta: conversas com crianças de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental de escolas estaduais de duas cidades diferentes e depoimentos de educadores em forma de história de vida. Nessa apresentação serão discutidos apenas os dados referentes à primeira parte pois a segunda parte ainda não foi analisada. Esclarecemos que trata-se de uma pesquisa em andamento e, por esse motivo, não aparecerão aqui situações conclusivas mas sim uma ênfase no devir da pesquisa. A partir desse quadro teórico, são feitas as análises cujo eixo situa-se na questão da (não)construção de sentido na escola. Usamos sentido como aquilo que emerge da ação humana e, portanto, como produção dos seres humanos no bojo de sua ação sobre a realidade. Nessa perspectiva, ele faz parte integrante do processo de conhecimento que, por sua vez, não se separa do processo de viver.
Education and suffering: marks of a paradigm - With the present work we intended to present a report of a research that is going on which is about the students' suffering as a consequence of educational practices that do not contemplate the human beings' fundamental needs in biological, epistemic and ontological terms. Such necessities are being pointed by recent transdisciplinar researches focusing the alive beings' functioning. Those didactic practices are considered, in the research, as highly inhibiting the being/knowing. That inseparability of the reality dimensions is the principal characteristic of the investigation based on the paradigm of the complexity making a counterpoint with the issues of the modernity fragmentation that represent an important focus of analysis. The theoretical background frame for the data analysis is built starting from sciences that constitute the self-organization movement focusing mainly the biological/cognitive theories of the Biology of Knowing by H. Maturana and F. Varela and Complexification through the noise by H. Atlan. The data refer to two main sources of collection: conversations with children from 5th to 8th grades of the Elementary School from state schools of two different cities and educators' depositions in form of life history. In the presentation it will be discussed only the data regarding to the first part because the second has not been analyzed yet. We highlight that it is a research in process and, for that reason, it will not be shown here conclusive situations but an emphasis in the coming of the research. From that theoretical frame, we do the analyses which axis is located on the issue of the (non)construction of senses in the school. We use sense standing for something that emerges from the human action and, therefore, as the human beings' production in the center of their action over the reality. In that perspective, the sense is integral part of the knowledge process, which, for its turn, does not separate itself from the living process.