“Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão,
porém, é transformá-lo.†Foi a partir das premissas superficiais da 11ª tese sobre
Feuerbach que o pensamento de Marx recebeu as mais honrosas exaltações e as mais
duras refutações. No palco do século XX, a “rotulagem†marxista atingiu o ápice com o
movimento operário e o socialismo real. Entretanto, no crepúsculo do século XX, o
inesperado colapso do modelo de “capitalismo estatal†soviético deixou paralisado o
pensamento de esquerda e a crÃtica capitalista marxista, permanecendo no máximo
como possibilidade de uma reivindicação nostálgica defensiva. Mas o próprio Marx
concebia sua crÃtica da economia polÃtica como uma reflexão que ultrapassava sua
aplicabilidade prática. Se esse aspecto da crÃtica categórica do capitalismo apresentase, por um lado, como algo que congela a ação, por outro, mostra-se adequado a
interpretar a crise global que se desencadeia. Ao mesmo tempo que desconstrói o
vigente discurso hegemônico do progresso, da eficiência e da produtividade, abre
espaço para uma perspectiva de experiência educativa de valorização das relações
vitais sensÃveis, da arte, da cultura do ócio, imputadas como supérfluas e colocadas a
serviço da onipresente coerção da produção abstrata de riqueza.