A escola é um dos espaços interculturais dos quais participam as comunidades indígenas, e, nesse espaço, ocorrem intensas disputas sobre sentidos, propósitos e funções sociais que essa instituição deve assumir. Neste artigo, focaliza-se a ressignifi cação de discursos sobre a docência indígena, tomando como base as discussões protagonizadas por 15 professores Kaingang do estado do Rio Grande do Sul, entre 2015 e 2016, no âmbito de um programa interinstitucional de formação docente. A análise de pronunciamentos feitos pelos docentes em reuniões e encontros permitiu construir a categoria conceitual do “professor artífice”, que serve como metáfora de um trabalho colaborativo e construído ao modo artesanal. A metáfora do arơfi ce permitiu dar visibilidade a características da docência indígena reiteradas nos pronunciamentos dos Kaingang, reabilitando o sentido da produção artesanal como estilo de vida. Destacaram-se, assim, traços de uma atuação que se estabelece com base na inextricável ligação entre teoria e prática, no engajamento do docente em sua comunidade e em lutas que extrapolam o âmbito escolar, no caráter colaborativo da produção do conhecimento e na escuta dos líderes religiosos – os Kujá. Por fim, a categoria conceitual permite pleitear um espaço-tempo de criação, no qual o sujeito está atento aos saberes da coletividade da qual ele é proveniente e também ao que pode ser modificado em seu trabalho, ajustando-o em função das demandas da atualidade.
The school is one of the intercultural spaces in which indigenous communities participate, and in this space there are intense disputes about meanings, purposes and social functions that this institution must assume. In this paper, we focus on the resignification of discourses about indigenous teachers on the basis of discussions where 15 Kaingang teachers, between 2015 and 2016, lead in an interinstitutional teacher education programme in the Rio Grande do Sul state. The analysis of pronouncements made by the teachers allowed to construct the conceptual category “artificer teacher”, as metaphor of a collaborative work centered in the craftsmanship. The metaphor of the craftsman made it possible to give visibility to the characteristics of indigenous teaching, reiterated in the Kaingang pronouncements, restoring the sense of artisanal production as a way of life. We highlight the traits of an action that is based on the inextricable connection between theory and practice, in the engagement in a community and its specifi c struggles, in the collaborative character of the production of knowledge and in listening to Kujá, religious leaders. Finally, the conceptual category would be an expression of a space-time of creation, in which the subject is attentive to the knowledge of the collectivity from which it comes and also to what can be modifi ed in his work, adjuti ng it according to the demands of the present time.
La escuela es uno de los espacios interculturales de los cuales participan las comunidades indígenas, y en este espacio ocurren intensas disputas sobre sentidos, propósitos y funciones sociales que esta institución debe asumir. En este articulo se enfoca la significación de la docencia indígena, tomando como base las discusiones que vienen siendo protagonizadas por 15 profesores Kaingang del estado de Rio Grande do Sul, entre 2015 y 2016, en el marco de un programa interinstitucional de formación docente. El análisis de pronunciamientos hechos por los docentes en reuniones y encuentros permitió construir la categoría conceptual de “profesor artífice”, que sirve como metáfora del trabajo colaborativo y construido al modo artesanal. La metáfora del arơfi ce permitió dar visibilidad a características de la docencia indígena reiteradas en los pronunciamientos de los Kaingang, rehabilitando el sentido de la producción artesanal como estilo de vida. Se destacaron, así, rasgos de una actuación que se establecen con base en la inextricable relación entre teoría y práctica, en el compromiso con la comunidad y en luchas que extrapolan el ámbito escolar, en el carácter colaborativo de la producción del conocimiento y en la escucha de los líderes religiosos - los Kujá. Por último, la categoría conceptual permite pleitear un espacio-tiempo de creación, en el cual el sujeto está atento a los saberes de la colectividad de la que procede y también a lo que puede ser modifi cado en su trabajo, ajustándolo en función de las demandas de la actualidad.