Este artigo examina os desdobramentos das eleições de 1974 no Rio Grande do Sul, ocasião em que o partido MDB alcançou expressiva vitória em cerca de dois terços dos municípios gaúchos. Essa vitória suscita a investigação se esse evento indicaria uma mudança duradoura nas preferências eleitorais, desafiando a estrutura bipartidária tradicional desde 1950. Dessa forma, o problema que guia esta pesquisa é compreender se a eleição de 1974 representaria o fim deste bipartidarismo e o início do domínio hegemônico do MDB sobre o eleitorado gaúcho, ou se seria explicada como uma resposta conjuntural dentro dos limites de elasticidade da estrutura bipartidista. Para isso, são enquadrados os resultados eleitorais de 1974 dentro da sequência eleitoral formada pelas eleições de 1966, 1970 e 1974, categorizando os municípios com base na população urbana para compreender as tendências eleitorais em relação a variáveis sociológicas relevantes. As conclusões preliminares apontam que o crescimento significativo do eleitorado entre 1966 e 1974 e a tendência para a sua crescente urbanização beneficiaram eleitoralmente o MDB, assim como a sustentação do bipartidarismo no Rio Grande do Sul parece estar vinculada à habilidade da ARENA em conduzir campanhas que não só mobilizem sua base eleitoral leal, mas também o capacitem a ser atrativo e competitivo para o grupo de eleitores cujos votos são decisivos nas eleições, uma vez que o contingente não identificado intensamente com um partido parece ter encontrado no MDB o canal mais receptivo para expressar suas opiniões e sentimentos políticos.